domingo, 30 de agosto de 2009

O IMPROVÁVEL É O QUE ACONTECE

Salvador Sícoli Filho -30/08/09

No Brasil em verdade, os improváveis contestam a teoria de Nassim Taleb.
Os cisnes negros taciturnos, camaleônicos, têm estranha maioria, habitam o congresso, comem churrasco com o presidente e seduzem uma mídia desatenta, com raros analistas com acuidade e isenção, no intenso paradoxo entre o carisma de proveta e o cataclismo inverso e boquirroto do repertório de profeta da mistificação.

A crise mundial é longa e entrecortada de lampejos de ilusão.
Ventos bravos fustigam agora de novo leste europeu.

No Japão e Europa, malgrado a postura diferente de Merkel - ah as mulheres fortes que se impõem sem mentiras, sem plastificação - que reergue a Alemanha, as perspectivas não alavancam quimeras.

Talvez 2011.

Há contas há pagar.
Bancos que teimam em voltar às práticas não punidas.
Não existe milagre. Principalmente para recuperar perdas geradas pela especulação irresponsável. A confiança uma vez quebrada muito dificilmente é resgatável.
Não se puniu, não se exemplificou. Não foi Maddof o único.
Os investidores estão escaldados.

Um país como os USA que emite trilhões para salvar bancos e financiar a fundo perdido empresas falidas, não pode ter longa duração como detentor de padrão monetário.

O Brasil precisa deixar de forjar candidatos sem lastro por escrutínio individual de bafejados pelo acaso.
Precisa perder as amarras que faz prender seus principais dirigentes ao lobby dos banqueiros.

Precisa saber que as reservas que vem juntando ás custas do setor produtivo e beneficiando os bancos estão sendo alavancadas por estes para potencializar a extorsão das empresas pelos contratos de gaveta dos derivativos.
Reservas formadas de moeda e títulos em processo de perda de valor e que deveriam ser usados imediatamente para financiar nossos grandes conglomerados internacionais na compra de ativos em liquidação de boas empresas pelo mundo e não o inverso.

Assim ao invés de vermos doravante incursões estrangeiras sobre a Vale e a Petrobrás, via bolsa e ofertas hostis, estaríamos vendo estas a buscar em boas condições de preço empresas estrangeiras para reforçar sua presença no mundo.

Ao invés de abrir espaço para o chinês no mundo vasto das empresas nacionais, o nosso loquaz repertório de ventríloquo brasileiro, deveria usar as reservas para preservar a independência e o mercado de nossas grandes corporações.
Ao invés de enterrar dinheiro recém saído da Casa da Moeda como a estratégia americana de aplicar em empresas e bancos falidos, deveria pegar seus dólares das reservas antes que virem pó e aplicar na compra de empresas no mundo, no aumento de participação e funding de empresas sadias.

Maus negócios como o que milagrosamente não fez a Vale há dezoito meses quando quase comprou a Xstrata por US$86 bilhões o que a inviabilizaria, hoje custariam 80% menos mas continuariam não sendo um bom negócio. Mas uma Alcoa que também vale cerca de 70% menos, além de estratégia defensiva, neutralizando os chineses da Chinalco, certamente agregaria um extraordinário valor a nossa maior mineradora com menos dispersão de produtos e de países de produção. (vide relatório de Salsifi Consulting)

O presidente da República deveria referenciar o Sr. Roger Agnelli pelo seu descortínio e visão e não incluí-lo em seu parlapatório de desconexões que induzem a montar uma petroquímica com Chávez enquanto um grupo tradicional como a Unipar se afunda na crise do setor.

Limites sim a seus acordos com coronéis do atraso por dívidas passadas geradas pela forma pouco ortodoxa de fazer negócios de seu partido.

O nosso presidente tão loquaz, precisa parar de fazer discurso fora do carro de som -sua especialidade – e se divorciar , afastar de sua proximidade seus orientadores de negócios. Sua política externa é paupérrima e contempla beócios aparelhados e treinados em negociações de sindicatos. Precisa aprender antes tarde do que nunca a pensar negócios para o país e o futuro de seus cidadãos. Não para si próprio e seus amestradores de zoológico.

Extorquir a patuleia com discursos fora de moda diante da crise monumental e querer tornar uma guerrilheira em ventríloqua à sua imagem e semelhança, é mais um embuste em seu currículo pobre.

É uma abusada insistência em menosprezar a inteligência do cidadão que pensa.
Se o congresso não fosse uma casa de tolerância máxima, após o mensalão e a decapitação de todos os envolvidos, sequer precisaríamos da CPI da Petrobrás.

Há uma montanha de resíduos tóxicos nas entranhas da administração petista da nossa maior empresa. Pena que uma oposição covarde e comprometida não se interesse realmente pela obtenção e depuramento dos desvios.

No Brasil, com a classe política que impera e infesta com sua mediocridade os sombrios corredores de Brasília, e muitos empresários complacentes com o baixo nível da administração pública que explora a todos com uma carga tributária impudente, torna-se extremamente difícil acreditar e transformar esta crise numa promissora e grande oportunidade.

Ao nível da grandeza do país, suas potencialidades muito maiores do China e Índia que continuam nos fazendo inveja com crescimentos do PIB muito maiores.

Vamos parar de nos contentar com o pouco que os medíocres da pior safra de políticos nunca dantes vista neste país buscam nos impingir.

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