domingo, 21 de março de 2010

SOBRE UM ARTIGO DE MÁRCIO GARCIA

Artigo de Giuseppe Brandoni




Mas voltando ao artigo e no que tange à regulação do sistema financeiro, o articulista foi tão generoso quanto inconseqüente. Não havia regulação, sobretudo da CVM sempre presente na perseguição dos pequenos e deixando ao relento as questões de vulto. A CVM, com seu corpo inchado de advogados e técnicos, desconhecia as práticas das operações target forward que depois de inundar os USA e a Europa, aterrissaram entre nós deixando de repente ao desamparo e reféns de bancos estrangeiros e uns poucos daqui, as manobras de um contrato absolutamente espúrio e ilegal. E que lamentavelmente são até hoje praticados nas gavetas de bancos que se valeram do artifício para tungar desavisados ou coniventes. Quem salvou a Aracruz e a Sadia foi o generoso BNDES por onde já passou o colega do livro propagandeado e que eu espero, revele com mais exatidão o que se passou nos escaninhos da crise tsunâmica que a imprensa e alguns economistas de bancos esconderam do grande público. Quem nos salvou da contaminação destas operações foi a letargia dos bancos brasileiros para assumir riscos de uma operação que se não tivesse uma perna manca a favor do sistema bancário não seria por estes efetivadas. Não foi a regulação tão decantada em prosa e verso pelo autor e sim a sorte de termos o nosso Deus e Messias protegendo o sistema financeiro.

A favor desta tese note-se e é palpável que a letargia dos bancos para emprestar diante da crise foi tão gritante que mesmo com as medidas de afrouxamento e incentivo do governos os bancos privados continuaram renitentes propiciando a que os nossos dirigentes fizessem suas escaramuças de ajuda desbragada por meio de generosos e nunca vistos neste país, expedientes expeditos de concessão de empréstimos para grandes grupos.

O PSDB, lastimável partido que já abrigou intelectuais de cepa e brilho, realmente carece hoje de inteligências, para não saber neutralizar a campanha do governo de gargantear quando a onda de desfaçatez e a perdulariedade do atual governo esfacelou a Petrobrás na proteção à petroquímica da Odebrecht. O amparo que protegeu - via BNDES - a Telemar (uma empresa endividada e prestes a ruir) do caso Gamecorp que tantas fazendas e dinheiro rendeu ao rebento presidencial. A compra do controle, sem o controle do Banco Votorantim, um dos maiores perdedores das operações de derivativos graças à impudência e ignorância esperta de seus operadores, até atingir a Aracruz e dizimar os investidores e empregados da maior fabricante e de menor custo de celulose Kraft do mundo e uma série interminável de casos que conduzirá ao uso em última instância das reservas do país para salvar o BNDES.

Será que o patriota de origem argentina que tanto fala de aposentadoria e que conhece bem o banco, toca nisto?

Há curiosidade, pode estar certo o autor do livro, em quanto ao teor da publicação, sobretudo do tema das operações e contratos de derivativos.

Espera-se, sobretudo, que não haja complacência com os bancos, o Banco Central, o BNDES e a CVM, esta guardiã de frontispício do mercado e de seus agentes.

Realmente quando dois economistas se reúnem há de se temer o que intentam disseminar.

Melhor ser independente do que vender a alma ao diabo principalmente às vésperas da eleição do sucessor de sua eminência o Messiânico.



Giuseppe Brandoni

Economista, cientista político, especialista em PMO,

Afinador de violinos na Recoleta e torcedor do Vélez.

PS>: É preciso parar de louvar os imbecis que falam pelo traseiro e como papagaios de pirata vão nos impingindo pessoas despreparadas para dar sequência às suas estripulias. A sorte um dia acaba e esta está durando demais e custando o que deveria nos ser mais caro: o futuro.

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