segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Apostas Especulativas Amadoras?

Salvador Sícoli Filho – 04/10/08


Que os presidentes das repúblicas falem pelo traseiro já não constitui novidade para ninguém.

Chávez, Bush, Morales disputam com o nosso o galardão da estultícia com direito a faixa.

No caso em tela vimos estupefatos que, diretores de empresas de primeira linha no circuito exportador não agiram exatamente como patriotas acreditando mais na moeda nacional do que no dólar - exatamente o contrário do que a proficiência do nosso dirigente arrostou. Comportamento amador, ignorância em lidar com instrumentos derivativos de alta volatilidade, falta de visão da crise que há mais de um ano é denunciada pelas quebras sucessivas de casas bancárias mundo afora. Tudo isto denunciava o tsunami que se aproximava, mas que fica difícil de admitir tivesse sido ignorado pelos dirigentes das exportadoras. Ao invés de hedge, por motivos obscuros, os financeiros destas empresas enveredaram na aposta nada altruística de defender a moeda fictícia do presidente. O caso Aracruz tem contornos mais dramáticos.

O caso da Aracruz remete mais a folhetim do que a empresa séria que era até pouco tempo padrão de eficiência.

Desde que o fechado grupo Votorantim anunciou a compra das ações do grupo Lorentzen fatos estranhos passaram a suceder.

Ao invés de acatar a legislação e estender a oferta aos minoritários através do tag along preferiu a empresa buscar subterfúgios para não cumprir seu dever.

O acordo com o Banco Safra para não exercício deste do direito de vender as ações fruto de um acordo provocou mais desconfiança no mercado.

E quando em 25 de setembro anunciou perdas não avaliadas em derivativos de câmbio o mal estar aumentou e atomizou de vez com as cotações das ações.

Em toda operação de opções ou derivativos existe um vencedor e um derrotado. As avaliações pífias de uma consultoria não identificada e o comunicado de 2 de outubro aniquilaram de vez com o valor das ações.

Mas quem engendrou tal esdrúxula operação?
Quem foi a parte vencedora?
Tal operação foi engendrada para dar prejuízo e provocar a corrida desvairada de vendas para aí então alguém comprar as ações a preços aviltados?

A Aracruz em pleno tsunami do mercado financeiro especulou e não encerrou rapidamente posições que passaram a tender para zero e/ou um prejuízo fabuloso. Por quê?

Acreditar-se que alguém não sabia o que estava fazendo é conspirar contra a esperteza dos lúcidos.

Por que só depois de anunciado o prejuízo potencial é que foi às compras para abrir posições inversas?

Fazer contrato longos de derivativos sem porta de encerramento com o mundo em chamas é como pular do 25 piso e querer chegar ao térreo vivo.

A Aracruz de forma confusa e sem dar nome aos bois perdeu quase todo o valor que precisaria para implantar uma nova fábrica em Minas Gerais.

Depois de tantas escaramuças para ascender ao palco de New York e subir no Sustainability Indexes, a Aracruz vai ser açoitada por questionamentos de investidores quer a CVM se apresente ou não como sempre alheia aos interesses dos pequenos acionistas.

O caso é grave demais para ouvir palpites de estranhos como se estivessem botequins ou em rodadas de futebol.

É realmente caso de polícia.

A Diretoria da Aracruz deve esclarecer como vai pagar R$ 21,25 por ação do Grupo Lorentzen e, sem dizer nada com consistência aos acionistas minoritários, negar seus direitos e ainda denegrir sua imagem corporativa conduzindo o valor das suas ações ao lixo sem reembolsar os prejuízos da ação temerária de seus executivos.

Amadores ou espertos demais?

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