quarta-feira, 18 de março de 2009

Carta Aberta aos Políticos

"CENA POLÍTICA EO NON SENSE EM BRASÍLIA"

ou "OS NOSSOS INDOMÁVEIS POLÍTICOS E A FARRA DO CONGRESSO".

ou "GOVERNADOS PELA HIPOCRISIA".

Salvador Sícoli Filho – 18/03/09


O país continua governado pelas artes do surrealismo.

Num congresso sem oposição ressurgem das cinzas velhos caciques.

Com seus poderes de pajelança dominam todas as comissões com orçamentos alentados.

Ao soarem novas denúncias de escândalos, como o caso das horas extras de gentis servidores e de cotas de passagens aéreas para apaniguados parentes, o partido majoritário e líder das pressões ao governo, investe na televisão com propaganda para provar a sua castidade. Não se configuraria aí propaganda enganosa?

A oposição e seus figurativos representantes exercitam sua crise existencial em cima do muro. Como não tem projeto, suas vozes são tênues e se perdem nos corredores da casa onde velhos fantasmas aterrorizam quem lutar contra o status quo.

Um Jarbas contra o todo o corporativismo reinante só comprova a escassez de hombridade e a necessidade de redução à décima parte do número de representantes da nossa ex-casa do povo. A casa é mais uma vez deles. Não renunciaram, não foram cassados e retornam triunfais os ardilosos senhores feudais.

O governo capitula mas, a hipocrisia de sempre comanda que a volta dos quase cassados é prova de democracia da casa. A derrota “já era prevista”, segundo o nosso douto e loquaz presidente que diz ser o enredo parte da estratégia maior de ungir a ex-ativista e guapa representante da casa civil candidata à sucessão do autodidata.

Como imitador exemplar e timoneiro destemido quer repetir aqui a onda das mulheres dirigentes de estofo. Só que para atingir o nível de Ângela Merkel, Cristina Kirchner e

Cecília Bachelet sem citar outras grandes dirigentes, nossa guapa candidata terá que recuperar não somente o rosto e a plástica, mas a sua credibilidade e capacidade como administradora. A sua passagem pelo Ministério da Indústria e do Comércio e a letargia de suas ações para equacionar o problema energético, - a inação na construção de grandes hidrelétricas que só a fórceps e por pressão dos grandes empreendedores começou depois de muitos anos a sair do papel – mostram os perigos de se perpetuar amadores na direção da grande empresa chamada Brasil.

Um país não se governa por bravatas, por acordos espúrios com políticos arcaicos ou viciados empedernidos na arte de tecer negociatas, mas sim por ações austeras, íntegras e com demonstração exemplar de que a virtude não pode ser transformada em entulho para construção da democracia. Bases erodidas provocam seu colapso.

A falta de pulso presidencial na escalada ao longo do tempo da proteção encenada contra a inflação com o continuo aumento dos juros e seu distanciamento de patamares não extorsivos ao setor produtivo e à população é prova inconteste de despreparo e rendição ao lobby dos banqueiros. De há muito a taxa básica de juros deveria estar no patamar de 8% a.a e os spreads bancários deveriam estar sob artilharia pesada do Banco Central independente dos bancos. Aliás o nosso BCB é independente em tudo, sobretudo os membros do COPOM. Menos em quanto ao arbítrio dos banqueiros e das instiruições financeiras privadas.

A democracia se constrói com exemplos de integridade e dinamismo nas ações que promovam de fato o progresso e a satisfação dos cidadãos.

Cidadãos e empresas que pagam hoje uma carga tributária abjeta de 40% para sustentar trampolinices de políticos de quinta classe que imperam hoje no país não podem se curvar à extorsão e ao mau caráter de uma classe que comprova a cada dia a sua inutilidade.

Se, se fizer prevalecer a hipocrisia e os acordos de desfaçatez, automaticamente falecerão as instituições.

domingo, 15 de março de 2009

CARTA ABERTA A MÁRCIO GARCIA

Vitória, 13/03/09.

Prezadas Editoras de Valor,

Não espero que publiquem o meu impublicável manifesto.

Mas registro a minha indignação e peço – já que não foi publicado o e.mail – ser dirigido este ao Sr. Márcio Garcia.

O economista Márcio Garcia em artigo a Valor de 13/03/09 faz a defesa da política monetária e o seu hediondo sistema de metas de inflação que combato desde 1999 quando Armínio Fraga assumiu o BC e a nefanda pratica. Em uma série de artigos publicados na antiga Gazeta Mercantil desde 2001 até 2003 registrei de forma incisa e veemente o meu repúdio contra a farsa.

Ontem escrevi indignado sobre a covardia contra o país da omissão dos homens dos banqueiros instalados no COPOM sob as vistas desde 2004 desse governo de despreparados.

Agora vem Márcio Garcia fazer a defesa do hediondo. Recolho uma frase dele que me toca.
É chocante. (tanto quanto idéia sem acento graças a imbecil e retrógrada nova ortografia feita por apedeutas para apedeutas)

Já, no Brasil, que só tardiamente venceu a hiperinflação com o Plano Real, é comum se ouvir, ou ler, que a ameaça inflacionária é um bicho papão inventado pelo BC para justificar seu fascínio por juros altos.

“Muitos economistas defenderam no passado a ideia que uma pequena inflação era boa, pois ajudava a financiar o crescimento da economia. Outros tiveram participação ativa em colocar o país no caminho da hiperinflação, ao adotarem combate inflacionário via pretenso aumento da oferta em vez de redução de demanda. Essas mesmas pessoas, hoje, ridicularizam a política monetária que conseguiu, a duras penas, corrigir o desastroso resultado hiperinflacionário de seus erros.”

Ora Dr. Márcio: Não é fascínio pelos juros o que leva há 10 anos a inventar a fantasmagórica (palavra cunhada há 10 anos por mim, me perdoe o Dr. José Carlos de Assis que a usou esplendorosamente em seu magistral artigo de hoje “O Totem da Inflação”) visão e o bicho papão da inflação. É isto sim, o arcabouço de pretextos imbecis que só os néscios e os economistas a serviço dos bancos aceitaram: a visão às vésperas de cada reunião do COPOM de nuvens carregadas de ameaças que prenunciariam uma inflação que nunca veio. Um escudo para proteger os assaltantes banqueiros travestidos de beneméritos da sociedade, colecionadores de artes – muitas vezes seqüestrados de quem não agüentou lhes pagar a agiotagem – os homens do terno preto que praticam os spreads de corar agiotas da Praça Sete, XV, Ramos Azevedo etc.

A economia de mercado funcionaria se não fossem os economistas comprometidos com os bancos e que tecem imbecilidade sob teorias arcaicas e eivadas de sofismas para a grande massa de imbecis e cordeiros comandos como banqueiros hoje simbolizados pelos milhares de Bernard Madoff que pululam sugando dinheiro dos trouxas e até de governos desorientados como os que agora lhe socorrem.

Isto não é propriedade dos governos europeus e americanos. O despreparado governo atual muito mais que o anterior já vem protegendo os bancos contra todo o setor produtivo e a população há muito tempo.

José Carlos de Assis tem razão mas vou muito além.

O sistema de metas foi um instrumento maquiavélico criado e adaptado no Brasil para, sob o pretexto de manter sob controle a inflação, proporcionar a mais brutal chacina do setor produtivo transferindo toda a renda para o setor banqueiro.

Salvador Sícoli Filho

SALSIFI Consulting Ltda.

CORTE PARA INGLÊS VER.

O corte de 1,25 % na taxa básica é mais uma farsa hedionda dos banqueiros instalados
no COPOM.

O COPOM, o Comitê Oficial de Proteção à Oligarquia do Mercado, protege mais uma vez o sistema financeiro contra o que necessita a Economia do país.

Ou abortamos esta farsa ou vamos sucumbir. A crise não é uma marolinha.
É a pior depressão vivenciada pelo mundo, criado pelos mesmos banqueiros que no Brasil governam os nossos governantes imbecis e corruptos.

Qual a formação do presidente?
Do ministro do planejamento? O que este planejou até hoje?
Da ministra da Casa Civil e ex ministra da Indústria?
Quantas hidrelétricas ele implantou até hoje?
E você acredita que depois de assaltar bancos se pode governar um país?
É muita cara de pau escudada por jornalistas frágeis, pacatos ou subservientes mesmo.

É muito bom mocismo diante de gangsteres que se instalaram no poder.
Agora vemos a volta dos crápulas.
Graças à falta de a população não ter pedido em praça pública o impeachment de um prevaricador, vemos este cara de pau supremo, aossado pelos bandidos de sempre, achar normal o aboletamento de cargas chaves do ex-congresso e atual Casa de Tolerância. A volta de fantasmas como Renan - pagando sua dívida com Collor - coisa que nunca conseguira antes, Sarney, Temer e um banco de crápulas.

Jarbas Vasconcelos tem razão.
É o país dos gangsteres e dos crápulas diante de uma imprensa bem comportado e abúlica.

É uma vergonaha inaudita.
uma crise nomundo e aqui vemos a volta macabra de bandidos e assaltantes prontos para promover a rapinagem final do país.

Estamos no país dos despreparados.
Qual a capacitação do ministro da Justiça além de falar asneira e promulgar a inversão de valores no tratamento das leis?
Um presidente enredado pelos juros elevados e que se deixa levar por gangsteres do sistema financeiro instalados no Banco Central é o que?
Conivente ou bandido mesmo?
Ele deveria ter sofrido impeachment no caso da sua prevaricação no mínimo no caso da mensalão e o que aconteceu?

Absolvido, endeusado, continua a enganar milhões de imbecis que constituem a grande maioria deste país de infelizes.

Compram carro novo a prestação e vão se alimentar de vento.
Vão quebrar o sistema financeiro que pagará caro pela sua ousadia gananciosa de roubar a população e as empresas com seus spreads de agiota da praça turca.

Pobre país que ovaciona imbecis.
Pobre imprensa que se curva para a mediocridade.

Salvador Sícoli Filho. Engenheiro Industrial, Econometrista, Consultor de Empresas, Escritor, e cidadão desconsolado com a mediocridade que nos governa e as que pretendem nos governar.

Cartas para a Editoria de Valor Econômico

Caras Editoras de Valor,

Solicito a publicação de uma dos conceitos abaixo a respeito da inação dos governantes e em especial do presidente que se curvam e de joelhos rezam pela cartilha dos banqueiros.

SOBRE OS JUROS DE AGIOTA.

Ou o Governo interfere no COPOM e afasta seus representantes do setor banqueiro ou vamos direto para a depressão. Não dá para continuar essa ensandecida proteção ao sistema financeiro em prejuízo do sistema produtivo e na ponta final, da população.

Os membros do COPOM já deveriam ter sido demitidos há muito tempo.
Ou somos todos imbecis, ou acordamos.
Não dá para continuar a acender velas ao diabo e querer proteger os cordeiros como ilusoriamente prega o governo. A questão dos juros é séria e não dá para tergiversações canhestras, academicismo grotesco, ou palavrório de botequim.

Os juros já deveriam estar na casa de 8% a.a e o sistema de metas de inflação é o mais infame subterfúgio teórico econômico amoldado pelos economistas de bancos para preservar sua agiotagem oficial.

Salvador Sícoli Filho. Engenheiro Industrial, Econometrista, Consultor de Empresas, Escritor, e cidadão desconsolado com a mediocridade que nos governa e as que pretendem nos governar.

RECORDANDO UM ARTIGO

O OCASO DA DINASTIA DOS BANCOS E SEUS EFEITOS COMBINADOS


Salvador Sícoli Filho -20/06/08

Como será o mercado financeiro mundial após a tsunami do sub-prime e a crise das hipotecas.

Quando se fala que algum país se descolou da atual crise americana, é de bom termo recorrer-se a um banco de dados e de idéias.

Conseguirá algum país tais proezas, como em habitual triunfalismo proclamam alguns presidentes?

Os indicadores de solvência do sistema financeiro americano não deixam dúvidas em ao efeito combinado de dominó e maremoto precursores de uma inédita época de caos.
A grandiosidade das perdas estampadas no quadro 1 – “Perdas de grandes bancos”, que mostra alguns ícones destroçados pela irresponsabilidade de descasamentos de prazos, se juntando a uma avalanche de instrumentos financeiros criados para passar adiante os micos gerados na primitiva célula da impossibilidade de quitar empréstimos de mutuários sem histórico e sem lastro.

A máquina dos derivativos e a gama sofisticada de títulos percorreram vários países a partir dos USA, passando por Europa, Ásia, a ávida China e seus mega-superávits, até chegar aos potentados árabes do petróleo, num roteiro de deixar turistas profissionais boquiabertos. Todos entraram no baile a partir da orquestra e guitarra emissora do Tio Sam.

Ao se recordar das primeiras perdas tornadas públicas em julho de 2007 com o caso do BNP-Paribas, passando pelas estripulias atribuídas a um operador solo, JK – mistura e sonso e gênio interiorano, até chegar a gigantes como Citi Group, Lehmann Brothers, Merryl Lynch, o extinto Bear and Stearns e os austeros bancos suíços, teme-se pela lucidez de quem se resigna a acreditar no poder miraculoso do FED e seus congêneres europeus para neutralizar o imenso caudal de insucessos.

Para salvarem seus lautos caraminguás assistimos à China entulhada de dólares e treasuries e aos fundos soberanos dos reis do petróleo assentados nas adjacências de Dobai e seus afrodisíacos países, comprarem generosas fatias de participações em bancos tecnicamente minados, com o sonho de conseguir estancar essa hemorragia em golfões.

Enquanto isto a dança fúnebre das cadeiras jogava fora CEOs antes endeusados pela capacidade de gerar castelos de ar no longo período de lucros demoníacos paridos e potencializados de derivativos.

Torna-se insustentável a continuidade de os fornecedores de insumos, desde commodities minerais até o rei petróleo conseguirem repassar aos preços as perdas com a volatilização do dólar.

Assim devam os mentores e responsáveis pelo escudo supervisório e transações financeiras globais atentarem para a necessidade de incluir novas práticas para a salvaguarda do sistema financeiro mundial e seus reflexos na face explícita e hoje, estupefata, dos setores produtivos, agentes reais das grandes transformações do mundo moderno.

Se esta é uma transformação em curso, lamenta-se porém dizer: O pior está por vir!

Começou pelas desvalorizações dos imóveis americanos que consultores locais estimam poder chegar a 30% com a execução récorde de hipotecas.
Passou pela assunção dos bancos de perdas monumentais ao redor do mundo.
Os efeitos potencializados pela alta do petróleo para compensar a desvalorização do dólar no planeta, deve se estender à menor utilização dos veículos com o preço récorde do galão de gasolina - acima de US$ 4,00 – passando pela diminuição dos preços dos materiais de construção até afetar firmemente o varejo americano.

A China terá menos canais de escoamento de seus produtos e daí à frenagem da locomotiva também afetada agora pelo repasse na semana passada dos aumentos dos preços do petróleo e da energia.

Selado pelo interesseiro “investment grade” de agências desgastadas pela imprevisão das perdas do mercado imobiliário, ao Brasil se apresentarão dificuldades para manter o status de paraíso mundial dos juros que enquanto trazem os recursos externos, demolem a balança comercial e toldam nuvens atiçadas pelo imenso descontrole dos gastos públicos.

Destarte, enquanto BCs do mundo estudam novos modelos para mitigar os pesadelos, também a nós cabe refletir sobre um novo modelo para substituir aquele que só vicejou pelas benesses de um imenso crescimento da economia emergente da China.

Salvador Sícoli Filho

sexta-feira, 13 de março de 2009

O totem da inflação

José Carlos de Assis -13/03/2009

O modelo dá a ilusão de que existe uma política monetária, neutra politicamente, conduzida por um BC independente

Como se constrói um deus na África? Toma-se um pedaço de madeira, dá-se-lhe uma forma e, por meio de encantamentos, um conjunto de atributos sobre-humanos que se prestam à veneração. É também assim com o modelo de metas de inflação no Brasil e em outros países que se submeteram à metafísica da economia. Trata-se de um totem civilizado, embrulhado numa matemática difusa que esconde a realidade econômica no lugar de esclarecê-la e orientá-la.

Como na África, onde os pedidos aos deuses, se forem razoáveis, costumam ser atendidos - se não fossem, a crença perderia sua base -, o totem da inflação no Brasil parece ter funcionado: a inflação baixou de seu pico em 2003, e desde então se comportou dentro da meta. São duas as questões que isso levanta: 1) teria a inflação caído mesmo sem o modelo?; 2) teria o modelo imposto custos exagerados à economia, sobretudo quanto a crescimento econômico e emprego?

Um rápido lance de olhos sobre o processo econômico brasileiro de 2003 para cá não deixa qualquer dúvida sobre essas duas questões. Numa situação em que os preços e as quantidades exportadas de commodities (50% das vendas externas) dispararam, era inevitável a valorização do real depois da maxi de 98/99; com o câmbio se valorizando, importações mais baratas, assim como os preços internos das commodities exportadas, teriam de levar a uma queda inexorável da inflação. Isso é da economia elementar. Mas estudos acadêmicos rigorosos têm demonstrado também que o modelo de metas não funciona nem aqui, nem no mundo.

Sem o modelo de metas, cujos feiticeiros no Banco Central decidiram que o Brasil só poderia crescer a taxas medíocres por causa de uma fantasmagórica insuficiência de um produto potencial apurado arbitrariamente, teríamos tido uma performance chinesa nos últimos cinco anos, em termos de crescimento do PIB, dado que não havia restrição externa. Tivemos crescimento, sim, mas muito abaixo da média dos emergentes e abaixo da média mundial. Para um país com uma das maiores taxas de desemprego do mundo, é pouco animador.

É verdade que a taxa de desemprego caiu, também ela, a partir de um patamar extremamente elevado do início dos anos 2000. E é verdade que, até meados do ano passado, quando a crise mundial se explicitou, essa queda se acelerou, passando de 9,6% em meados de 2007 para 7,6% em outubro de 2008. Por trás desse ritmo animador, contudo, estava uma economia crescendo a despeito da política monetária, a despeito da política fiscal e, naturalmente, a despeito do modelo de metas, puxada sobretudo pelas exportações.

Políticas anti-inflacionárias em momentos de crise nunca são triviais. Na virada dos 70 para os 80, os Estados Unidos enfrentaram uma pesada onda inflacionária que levou o recém-empossado presidente do Fed, Paul Volcker, a romper com os métodos operacionais antigos da política monetária e a recorrer à política de controle quantitativo de crédito sugerida havia décadas por Milton Friedman. As taxas de juros foram para a lua e o país entrou numa profunda recessão até 84.

Volcker deu marcha a ré, para salvar a economia e o emprego. O monetarismo foi para a lata do lixo, como ineficiente. As taxas de juros voltaram progressivamente para níveis normais. O que dá ao nosso modelo de metas caráter totêmico é que ele pretende ser eterno. E se ele funcionou, funcionou porque, avaliado em seus próprios termos, não se pode esperar dele muito mais que a conformidade com uma taxa de inflação que não resulta dele, mas de circunstâncias externas.

De um ponto de vista técnico, o modelo de metas não passa de um conjunto arbitrário de fórmulas tautológicas, ajustadas por parâmetros arbitrários, e combinadas para produzir resultados até a segunda casa decimal. Pura mistificação. O coração do sistema é a estimativa do produto potencial, e as relações entre o produto potencial e a inflação, condicionadas ao poder metafísico da taxa de juros de ajustá-las. É como se a moeda, e só ela, fosse a alavanca da economia, como no monetarismo ortodoxo.

Outro parâmetro essencial ao modelo são as expectativas inflacionárias do próprio mercado, captadas na pesquisa Focus entre agentes econômicos que não formam preços, isto é, os agentes financeiros. É inacreditável que um modelo que se pretende determinista - pois dele resulta a taxa de juros que será arbitrada pelo Banco Central - se apoie num parâmetro tão frágil, a que se dá crédito porque oriundo de um conjunto de pessoas diretamente interessadas numa taxa de juros alta. Um cardume de arenques, dizia Maeterlink, não é mais inteligente que um arenque isolado!

A absorção do modelo de metas em pouco mais de uma dezena de países - entre os quais não se incluem nem os Estados Unidos, nem a União Europeia, nem o Japão, nem a China, nem a Índia, e do qual se afastou a Inglaterra - se deu num momento de grande instabilidade inflacionária no mundo, sendo uma espécie de receita do desespero. Aqui também. Acabávamos de sair do desastre provocado por Pedro Malan e Gustavo Franco na condução da política monetária, o que sugeria agarrar-se até numa palha para não se afogar.

Pelo que se viu depois, o modelo funcionou, exceto quanto mais dele se precisava, ou seja, no período de alta instabilidade de sucessão presidencial, quando, a despeito dele, a inflação ameaçou sair do controle. Depois, as circunstâncias externas favoreceram a estabilização. Agora, em plena crise, seria o momento de o governo fazer com o modelo de metas o que Paul Volcker fez com o monetarismo de Friedman: jogá-lo no lixo, por falta de funcionalidade na crise.

É que se o modelo matemático se revelou incapaz de captar o imperativo da redução rápida da taxa de juros num momento em que o comércio exterior colapsa, o produto industrial naufraga, o desemprego dispara e alguns setores produtivos dão claros sinais de deflação, está claro sua contradição com tudo o que se conhece razoavelmente como política monetária. Se quem dita a taxa de juros é uma fórmula, não a habilidade de um presidente do BC, é indiferente colocar lá um Henrique Meirelles ou um cabo de vassoura.

Será difícil nos livrarmos do modelo de metas, porque uma das artes do charlatanismo é esconder o real. É da natureza humana viver na instabilidade e procurar a estabilidade. O modelo dá a ilusão de que existe uma política monetária, neutra politicamente, conduzida por um banco central independente, que garante a estabilidade de preços contra o pano de fundo dos inexoráveis ciclos capitalistas. Não considera que a moeda e o crédito podem ter uma função independente fora do ciclo, ajudando a normalizá-lo. Enquanto isso perdurar, será uma ilusão esperar da política monetária brasileira qualquer contribuição efetiva à superação da crise.

José Carlos de Assis é economista e professor, autor do recém-lançado "A Crise da Globalização".

quarta-feira, 11 de março de 2009

ARTIGO DE MARTIN WOLF

O G-20 e a demanda sustentada
Martin Wolf - 11/03/2009

O encontro de cúpula do grupo dos 20 países mais desenvolvidos (G-20) e países emergentes em Londres em 2 de abril de 2009 fracassará. Seus membros estão se recusando a cumprir o que Lawrence Summers, principal assessor econômico do presidente dos EUA Barack Obama, chama de "agenda universal da demanda". O senso comum é o inimigo. Lamentavelmente, ele está vencendo.

Nos EUA, o espírito de Andrew Mellon, secretário do Tesouro de Herbert Hoover, continua vivo. Seu conselho, lamentou Hoover, foi: "liquide a força de trabalho, liquide as ações, liquide os agricultores, liquide os ativos imobiliários". Sua opinião leviana, porém, não está inspirando a política dos EUA. O perigo não está em não fazer nada, mas em fazer muito pouco. Se esse tipo de timidez fracassar, os opositores dirão: essas políticas fracassaram. Isso agravará a confusão, dificultando e tornando ineficazes as tentativas de tomar atitudes decisivas mais adiante.

A coisa certa a fazer é mais do que suficiente. Sempre será possível retirar o incentivo em um ou dois anos. Será muito mais difícil tornar a ação eficaz se a depressão, tanto a econômica como a social, se firmar.

O que, então, é "mais do que suficiente"? Para responder a isso, precisamos reconhecer onde estamos. Primeiro, a recessão é global. Países fortemente dependentes de exportações como fonte de demanda, como Alemanha, Japão e Coreia do Sul, foram ainda mais duramente afetadas que os Estados Unidos ou o Reino Unido. Segundo, as forças subjacentes nessa recessão são poderosas e resistentes. Elas incluem: vastas perdas em riqueza (estimadas num estudo para o Banco de Desenvolvimento da Ásia em perto da produção mundial de um ano); enormes estoques de dívida privada em países deficitários; e uma pane no funcionamento normal do sistema financeiro.

O que deve ser feito então? A política monetária está em grande parte esgotada: mesmo as taxas de juros próximas de zero não conseguem incentivar tomadas de empréstimos, e o mundo não pode se desvalorizar para obter uma recuperação movida a exportação.

A política monetária pode - e deve - desbloquear os mercados de crédito, sustentar a base monetária e apoiar a política fiscal. O Federal Reserve já chegou a extremos nessas direções. Outros estão sendo obrigados, a contragosto, a segui-lo.

A política fiscal tem um grande papel a cumprir. Num artigo excelente, economistas do FMI descrevem o que é necessário como "oportuno, grande e duradouro, diversificado, contingente, coletivo e sustentável": oportuno, grande e duradouro, porque a recessão está aí, implacável e resistente; diversificado, porque a eficácia de cada medida é incerta; contingente, porque as surpresas certamente estão à espreita; coletivo, porque a eficácia de um incentivo aumentará à medida que mais países participarem; e sustentável, porque as reações adversas nos mercados de dívida devem ser contidas ("Fiscal Policy for the Crisis" [Política fiscal para a crise], dezembro de 2008).

Face a essas normas, os pacotes de incentivo são modestos de forma preocupante. De acordo com o FMI, até o incentivo dos EUA equivale a apenas um total de 4,8% do PIB. Além disso, como observa o FMI, estabilizadores automáticos são maiores na Europa do que nos EUA, devido a uma provisão previdenciária mais generosa ("The Size of the Fiscal Expansion" [O tamanho da expansão fiscal], fevereiro de 2009, www.imf.org). No conjunto, os EUA estão fazendo mais do que outros países grandes de alta renda: na comparação com o ano anterior à crise, a variação do balanço fiscal total está projetada em 5,7% do PIB nos EUA neste ano, contra 4,4% na Alemanha.

Não surpreende que os críticos condenam o recente pacote de incentivo dos EUA como sendo pequeno demais. O professor Martin Feldstein da Universidade Harvard, ex-presidente do conselho de assessores econômicos de Ronald Reagan, argumenta que "a economia dos EUA enfrenta um déficit de US$ 750 bilhões na demanda", em grande parte devido a uma queda de US$ 12 trilhões no patrimônio das famílias. O pacote dos EUA compensará, ele diz, apenas 40% da demanda perdida em 2009 e 2010. Se assim for, a recessão será profunda e prolongada. Feldstein conclui que "um segundo pacote de incentivo fiscal é provável". De fato, ele será essencial. Até então, porém, Obama já terá perdido a discussão e a sua autoridade. A vontade de fazer mais, porém, é escassa, nos EUA e alhures. A principal justificativa para a cautela é a preocupação em torno da sustentabilidade de longo prazo. Isso é um erro: a principal ameaça à sustentabilidade não é a crise, mas os gastos com benefícios sociais.

As tentativas de restringir os déficits fiscais enquanto o setor privado está promovendo cortes drásticos deverão fracassar, mesmo nos seus próprios termos. Por fim, a política fiscal não pode se manter independente do que o setor privado está fazendo - na verdade, agora testemunhamos altas gigantescas nos déficits fiscais, devido à prodigalidade passada nos setores privados, muitas vezes de outros países.

Lembremos, especialmente, que mesmo um aumento de 50 pontos percentuais no índice da dívida pública em relação ao PIB impõe um custo permanente sobre os contribuintes, de 1% a 1,5% do PIB num país capaz de tomar crédito a taxas reais de, digamos, 2% a 3%. Contanto que a credibilidade seja mantida, isto é gerenciável e, na verdade, menos preocupante do que o desperdício inerente em qualquer recessão prolongada.

Em suma, deter a depressão incipiente vem em primeiro lugar. Para que isso funcione, a ação fiscal precisa ser reversível de forma verossímil: os gastos temporários e os cortes de impostos dirigidos às categorias de maiores gastos serão mais eficazes e menos arriscados do que os amplos cortes de impostos.

Os chefes de governo do G-20 precisam decidir fazer tudo o que for necessário para sustentar a demanda nos seus países e nos vulneráveis países em desenvolvimento. Eles precisam abandonar o senso comum e, em vez disso, ousar ter sucesso.

Martin Wolf é colunista do "Financial Times".

RELEMBRANDO O CASO ARACRUZ

O Caso Aracruz - Capitulo MXIX

Terça-feira, 28 de Outubro de 2008 3:07
De:
Para:
"Vera Brandimarte Brandimarte" , "Maria Ines Nassif Nassif" , "Vera Saavedra" , "Daniele Camba" ... mais
Cc:
"Delfim Netto" , eliana.cardoso@fgv.br, cartas@valor.com.br
Cco:
"Alessandro Sicoli" , sebastiao.cangussu@vale.com
Caras Editoras,
Permito-me outro comentário sobre o caso ARACRUZ de longe o maior escândalo corporativo nunca dantes visto neste país como diria um turista em eternas elocubrações sobre este desvalido gigante adormecido pelas mediocridades que nos desgovernam, e que transformam em marolinhas uma gigantesca onda vulcânica prestes a nos sepultar.
Como disse em artigo anterior não publicado por este veículo, o escândalo com derivativos é o sub-prime tupiniquim,
Os destroços no mercado de ações com a perda credibilidade no mercado internacional da Aracruz, a primeira empresa brasileira a ter ações negiociadas na NYSE é devastador.
A primeira empresa brasileira a ter o "investment grade" agora degradado.
A primeira brasileira a ingressar no Sustainability Indexes do Dow Jones.
No balanço apresentado em 17/10/08 referente a 30/09/08 apresenntava prejuízo com operações não operacionais de R$1, 95 bi. Agora contabiliza mais de US$ 4 bi.
Inacreditável! Inverossímil!
Haverá algo por trás e nas sombras?
Quando falta a confiança no mercado financeiro o salto ao abismo é simultâneo e imediato.
Salvador Sícoli Filho.

O CASO ARACRUZ
Em todas as análises feitas sobre o caso Aracruz está se esquecendo do principal prejudicado nesta história toda que é o pequeno investidor. Este que aqui e lá fora investiu maciçamente nos ativos de árvores e celulose desta gigante mundial. Nunca na especulação alavancada de uma diretoria alucinada.
Enquanto seus executivos promoviam na obscuridade, operações alavancadas com derivativos, a própria empresa foi induzida por bancos a se utilizarem de instrumentos exóticos que são nulos de pleno direito ao não disporem de eqüidade nas obrigações pactuadas entre as partes. Tudo por conta de facilidades ou descontos nos juros praticados em outras operações estruturadas.
O que causa espécie é que enquanto 13 bancos - a maioria estrangeiros e vitimados por colossais perdas lá fora - dizem dar tempo à empresa para constituir seus pagamentos antes de acioná-la, a empresa vitimada pelos ataques especulativos verdadeiramente terroristas permanece inerte.
Ora o correto -e por isto não se entende a postura flébil e passiva da empresa - seria ela sim ameaçar os bancos que desenharam um contrato monstruoso e francamente deformado em sua origem. E aqui não importam se as ações dos administradores foi fraudulenta como no caso homólogo da Enron que levou para a cadeia seus gestores nos USA em 2001.
Não se trata de defender a ação temerária e irresponsável de administradores financeiros que comprometeram a maior fabricante mundial de celulose de fibra curta do mundo, mas de defender procedimentos mais justos para remediar o inescrupuloso instrumento que fornece ganhos desproporcionais aos bancos fechando a porta de saída de igual calibre para seus opostos.
Se eles limitaram suas perdas a 15% do valor nocional, o legítimo seria as exportadoras contraírem igual teor e também terem encerradas suas operações a igual nível na assimetria oposta.
A prevalecer esta incúria, onde a falta de ação governamental para intervir nesta afrontosa atuação dos bancos, da BMF como cassino irregular, à Aracruz não caberá senão pedir o regime de recuperação judicial.
Nas semana passado o governo chinês anulou operação idêntica que jogou na rua milhares de trabalhadores.
Aqui vamos continuar de marolinhas e palavras evasivas do BC e do nosso diligente ministro de causas perdidas, enquanto o BNDES acionista de peso da empresa se omite na questão.
Estamos diante do maior escândalo corporativo de todos tempos no país e a imprensa continua publicando matérias e artigos tangenciando o principal.
(como os artigos publicados hoje pela advogada Roberta Prado -muito evasivo e que tangencia a gravidade do caso e o artigo em defesa dos bancos de Vanessa Adachi - até quando?)
Eu contaria com o descortínio desta Editoria para a publicação deste e seu possível envioi - já que nesta madrugada não disponho dos e.mails das entidades citadas que tem acompanhado o caso como AMEC, APIMEC, a PREVi que como a BNDESPAR deve amargar um prejuízo fenomenal com a queda do preços das ações.
Atenciosamente
Salvador Sícoli Filho
SALSIFI Consulting Ltda
Engenheiro, Consultor de Empresas, Especialista em Direito Societário e Mercados Derivativos, e autor do trabalho "Como se desvencilhar de operações com derivativos em contratos de Target Forward" e "Operações de Hedge para Tesourarias de Empresas não Financeiras"

COMÉRCIO EXTERIOR

Salvador Sícoli Filho - 31/12/08

O balanço de 2008 deixa à mostra os números e inúmeros desacertos da política de comércio exterior brasileira.

Envolvendo-se com países de baixa relevância no fluxo de trocas mercantis, o país sofreu ao longo do ano alguns revezes fruto da voluntariedade e afoiteza de seus dirigentes.

Perdão de dívidas nas tertúlias de viagens a países longínquos.

Perdas com a Venezuela e a Bolívia que deixaram à mostra o despreparo e a pouca firmeza de nossos negociadores nas questões envolvendo óleo e gás.

O episódio do Equador que impôs um forfait nos pagamentos a empresa brasileira construtora de hidrelétrica - que aqui no país nos faltaram - e ao BNDES, pródigo em emprestar a países de sombrio desempenho. Talvez na esperança de granjear apoio para pretensões nos organismos internacionais do presidente.

Para culminar, enquanto o Sr. Inácio comprava helicópteros dos russos, estes em monumental crise, reduziam drasticamente as compras de carne suína e de frango dos brasileiros, privilegiando americanos e outros produtores e impondo ao país o primeiro retrocesso em anos dos volumes exportados no segmento.

Sem dúvida está faltando um melhor aconselhamento e descortínio nos dirigentes e na atuação errática do Itamaraty.

Não seria caso para o Sargento Garcia vociferar e até gesticular?

Salvador Sícoli Filho

terça-feira, 10 de março de 2009

SEGUNDA NEGRA E O CARNAVAL NO PAÍS DO CARNAVAL

SEGUNDA NEGRA E O CARNAVAL NO PAÍS DA MAROLINHA

Monday, monday: the worst is´nt yet to come!

Salvador Sícoli Filho - Alessandro de Almeida Sícoli - 23/02/09

Enquanto nossos políticos, sambistas e garbosos operadores curtiam o Carnaval, na Bolsa de Nova York aconteceu mais uma segunda-feira negra. Malgrado os esforços de dirigentes europeus com Ângela Merkel à frente no fim de semana para debelar a crise e achar fórmulas miraculosas de restabelecer o controle e a sanidade do sistema a bolsa fez o mesmo sinal que as suas congêneres: deslisou vigorosamente com a última meia -hora se transformando em pânico puro.

O índice atingiu os menores patamares em 11 anos voltando aos níveis de 1997 da crise asiática. Chamou-nos a atenção a queda exuberante e trágica de Gerdau que caiu 12,76% e as ações ordinárias da Vale que cairam 11,80% e com um volume assustador - mais de 50% acima da sua média dos últimos três meses.

Isto leva a várias reflexões com o que vimos apregoando há muito tempo.

Estão acontecendo várias dèmarches entre dirigentes de empresas e governantes visando a estancar a hemorragia mas tudo o que se fez até agora foi desperdício de munição e as autorIdades estão atônitas e sem rumo.

Causa espanto o embaraço e a falta de vigor do Secretário do Tesouro americano Thimothy Geithner e a desaparição de Obama da gestão da crise.

Enquanto as ações despencam o crime continua sem castigo.

O Brasil, campeão mundial de juros e país conhecido mundialmente pela promiscuidade de seus políticos e a corrupção geral é no entanto mais cuidadoso no trato com entidades financeiras em processo de falência. Decreta-se a intervenção extra-judiciale pronto. Um interventor é nomeado e os bens dos últimos dirigentes da instituição financeira é colocado em indisponibilidade.
Não seria uma receita a ser colocada desde o início pelo antigo Secretário do Tesouro de Bush, Henry Paulson, ele mesmo um ex-dirigente de banco privado?

No país do crédito fácil, e do déficit público impagável os executivos foram pagos a peso de ouro para inventarem mecanismos à prova de controles - os SIVs que nem sequer transitavam em balanços - uma punição se requer imediatamente para amenizar a quebra de confiança no sistema.

A limitação a US$ 500 mil dos bônus a executivos bancários por Obama foi iníqua e contraproducente. Os que imitaram o diabo dos derivativos redundantes deveriam mesmo é ter passaporte direto para o inferno que eles mesmos criaram e ter seus bens congelados.

Os banqueiros que originalmente eram agentes de fomento se transformaram ao longo do tempo em criadores de correntes de felicidade com o lançamento impune de instrumentos derivativos em proporções acima da sua incomensurável ganância.

O sistema monetário em xeque e implodindo intermitentemente, para sobreviver deverá passar por um purgatório longo e realmente muito penoso.