Carta Aberta aos Políticos
"CENA POLÍTICA EO NON SENSE EM BRASÍLIA"
ou "OS NOSSOS INDOMÁVEIS POLÍTICOS E A FARRA DO CONGRESSO".
ou "GOVERNADOS PELA HIPOCRISIA".
Salvador Sícoli Filho – 18/03/09
O país continua governado pelas artes do surrealismo.
Num congresso sem oposição ressurgem das cinzas velhos caciques.
Com seus poderes de pajelança dominam todas as comissões com orçamentos alentados.
Ao soarem novas denúncias de escândalos, como o caso das horas extras de gentis servidores e de cotas de passagens aéreas para apaniguados parentes, o partido majoritário e líder das pressões ao governo, investe na televisão com propaganda para provar a sua castidade. Não se configuraria aí propaganda enganosa?
A oposição e seus figurativos representantes exercitam sua crise existencial em cima do muro. Como não tem projeto, suas vozes são tênues e se perdem nos corredores da casa onde velhos fantasmas aterrorizam quem lutar contra o status quo.
Um Jarbas contra o todo o corporativismo reinante só comprova a escassez de hombridade e a necessidade de redução à décima parte do número de representantes da nossa ex-casa do povo. A casa é mais uma vez deles. Não renunciaram, não foram cassados e retornam triunfais os ardilosos senhores feudais.
O governo capitula mas, a hipocrisia de sempre comanda que a volta dos quase cassados é prova de democracia da casa. A derrota “já era prevista”, segundo o nosso douto e loquaz presidente que diz ser o enredo parte da estratégia maior de ungir a ex-ativista e guapa representante da casa civil candidata à sucessão do autodidata.
Como imitador exemplar e timoneiro destemido quer repetir aqui a onda das mulheres dirigentes de estofo. Só que para atingir o nível de Ângela Merkel, Cristina Kirchner e
Cecília Bachelet sem citar outras grandes dirigentes, nossa guapa candidata terá que recuperar não somente o rosto e a plástica, mas a sua credibilidade e capacidade como administradora. A sua passagem pelo Ministério da Indústria e do Comércio e a letargia de suas ações para equacionar o problema energético, - a inação na construção de grandes hidrelétricas que só a fórceps e por pressão dos grandes empreendedores começou depois de muitos anos a sair do papel – mostram os perigos de se perpetuar amadores na direção da grande empresa chamada Brasil.
Um país não se governa por bravatas, por acordos espúrios com políticos arcaicos ou viciados empedernidos na arte de tecer negociatas, mas sim por ações austeras, íntegras e com demonstração exemplar de que a virtude não pode ser transformada em entulho para construção da democracia. Bases erodidas provocam seu colapso.
A falta de pulso presidencial na escalada ao longo do tempo da proteção encenada contra a inflação com o continuo aumento dos juros e seu distanciamento de patamares não extorsivos ao setor produtivo e à população é prova inconteste de despreparo e rendição ao lobby dos banqueiros. De há muito a taxa básica de juros deveria estar no patamar de 8% a.a e os spreads bancários deveriam estar sob artilharia pesada do Banco Central independente dos bancos. Aliás o nosso BCB é independente em tudo, sobretudo os membros do COPOM. Menos em quanto ao arbítrio dos banqueiros e das instiruições financeiras privadas.
A democracia se constrói com exemplos de integridade e dinamismo nas ações que promovam de fato o progresso e a satisfação dos cidadãos.
Cidadãos e empresas que pagam hoje uma carga tributária abjeta de 40% para sustentar trampolinices de políticos de quinta classe que imperam hoje no país não podem se curvar à extorsão e ao mau caráter de uma classe que comprova a cada dia a sua inutilidade.
Se, se fizer prevalecer a hipocrisia e os acordos de desfaçatez, automaticamente falecerão as instituições.