domingo, 30 de agosto de 2009

O IMPROVÁVEL É O QUE ACONTECE

Salvador Sícoli Filho -30/08/09

No Brasil em verdade, os improváveis contestam a teoria de Nassim Taleb.
Os cisnes negros taciturnos, camaleônicos, têm estranha maioria, habitam o congresso, comem churrasco com o presidente e seduzem uma mídia desatenta, com raros analistas com acuidade e isenção, no intenso paradoxo entre o carisma de proveta e o cataclismo inverso e boquirroto do repertório de profeta da mistificação.

A crise mundial é longa e entrecortada de lampejos de ilusão.
Ventos bravos fustigam agora de novo leste europeu.

No Japão e Europa, malgrado a postura diferente de Merkel - ah as mulheres fortes que se impõem sem mentiras, sem plastificação - que reergue a Alemanha, as perspectivas não alavancam quimeras.

Talvez 2011.

Há contas há pagar.
Bancos que teimam em voltar às práticas não punidas.
Não existe milagre. Principalmente para recuperar perdas geradas pela especulação irresponsável. A confiança uma vez quebrada muito dificilmente é resgatável.
Não se puniu, não se exemplificou. Não foi Maddof o único.
Os investidores estão escaldados.

Um país como os USA que emite trilhões para salvar bancos e financiar a fundo perdido empresas falidas, não pode ter longa duração como detentor de padrão monetário.

O Brasil precisa deixar de forjar candidatos sem lastro por escrutínio individual de bafejados pelo acaso.
Precisa perder as amarras que faz prender seus principais dirigentes ao lobby dos banqueiros.

Precisa saber que as reservas que vem juntando ás custas do setor produtivo e beneficiando os bancos estão sendo alavancadas por estes para potencializar a extorsão das empresas pelos contratos de gaveta dos derivativos.
Reservas formadas de moeda e títulos em processo de perda de valor e que deveriam ser usados imediatamente para financiar nossos grandes conglomerados internacionais na compra de ativos em liquidação de boas empresas pelo mundo e não o inverso.

Assim ao invés de vermos doravante incursões estrangeiras sobre a Vale e a Petrobrás, via bolsa e ofertas hostis, estaríamos vendo estas a buscar em boas condições de preço empresas estrangeiras para reforçar sua presença no mundo.

Ao invés de abrir espaço para o chinês no mundo vasto das empresas nacionais, o nosso loquaz repertório de ventríloquo brasileiro, deveria usar as reservas para preservar a independência e o mercado de nossas grandes corporações.
Ao invés de enterrar dinheiro recém saído da Casa da Moeda como a estratégia americana de aplicar em empresas e bancos falidos, deveria pegar seus dólares das reservas antes que virem pó e aplicar na compra de empresas no mundo, no aumento de participação e funding de empresas sadias.

Maus negócios como o que milagrosamente não fez a Vale há dezoito meses quando quase comprou a Xstrata por US$86 bilhões o que a inviabilizaria, hoje custariam 80% menos mas continuariam não sendo um bom negócio. Mas uma Alcoa que também vale cerca de 70% menos, além de estratégia defensiva, neutralizando os chineses da Chinalco, certamente agregaria um extraordinário valor a nossa maior mineradora com menos dispersão de produtos e de países de produção. (vide relatório de Salsifi Consulting)

O presidente da República deveria referenciar o Sr. Roger Agnelli pelo seu descortínio e visão e não incluí-lo em seu parlapatório de desconexões que induzem a montar uma petroquímica com Chávez enquanto um grupo tradicional como a Unipar se afunda na crise do setor.

Limites sim a seus acordos com coronéis do atraso por dívidas passadas geradas pela forma pouco ortodoxa de fazer negócios de seu partido.

O nosso presidente tão loquaz, precisa parar de fazer discurso fora do carro de som -sua especialidade – e se divorciar , afastar de sua proximidade seus orientadores de negócios. Sua política externa é paupérrima e contempla beócios aparelhados e treinados em negociações de sindicatos. Precisa aprender antes tarde do que nunca a pensar negócios para o país e o futuro de seus cidadãos. Não para si próprio e seus amestradores de zoológico.

Extorquir a patuleia com discursos fora de moda diante da crise monumental e querer tornar uma guerrilheira em ventríloqua à sua imagem e semelhança, é mais um embuste em seu currículo pobre.

É uma abusada insistência em menosprezar a inteligência do cidadão que pensa.
Se o congresso não fosse uma casa de tolerância máxima, após o mensalão e a decapitação de todos os envolvidos, sequer precisaríamos da CPI da Petrobrás.

Há uma montanha de resíduos tóxicos nas entranhas da administração petista da nossa maior empresa. Pena que uma oposição covarde e comprometida não se interesse realmente pela obtenção e depuramento dos desvios.

No Brasil, com a classe política que impera e infesta com sua mediocridade os sombrios corredores de Brasília, e muitos empresários complacentes com o baixo nível da administração pública que explora a todos com uma carga tributária impudente, torna-se extremamente difícil acreditar e transformar esta crise numa promissora e grande oportunidade.

Ao nível da grandeza do país, suas potencialidades muito maiores do China e Índia que continuam nos fazendo inveja com crescimentos do PIB muito maiores.

Vamos parar de nos contentar com o pouco que os medíocres da pior safra de políticos nunca dantes vista neste país buscam nos impingir.

domingo, 2 de agosto de 2009

KEYNES, MINSKY E A CRISE ATUAL - extrato de Valor Fim de Semana

Há dois anos, a forte contração do crédito escancarava a gravidade da crise financeira e renovava o interesse pelas ideias de um dos mais importantes economistas americanos.A presença de Minsky

Por Márcia Pinheiro, para o Valor, de São Paulo - 31/07/2009


Imagine-se o mundo sem bancos centrais. Sem o Federal Reserve. Não haveria políticas monetárias. Não teria havido Alan Greenspan, que não teria mantido os juros baixos por um tempo talvez excessivo. Wall Street não teria feito a festa especulativa que fez. Não teria acontecido o grande "boom" imobiliário americano, nem a crise dos empréstimos "subprime". E Hyman Philip Minsky (1919-1996) não teria o que fazer, com seus escritos, como explicador da desestabilização financeira que virou a economia global de pernas para o ar. Não se teria falado, portanto, em "Momento Minsky", como ficou conhecido aquele ponto em que se dá a virada da bonança em mercados financeiros movidos a crédito fácil para o pânico em que ninguém quer emprestar para ninguém e os ativos passam a valer tanto quanto pó. O fato é que em agosto, mesmo que muita gente admiradora dos mercados absolutamente livres fique contrariada, não faltará quem lembre que, nesse mês, em 2007, o Momento Minsky estava em sua plena exposição de realidade keynesiana.

O mês é o de preferência de Paul McCulley, diretor-gerente da Pacific Investment Management Company (Pimco), que criou a expressão Momento Minsky em 1998, durante a crise da dívida russa. Mas ele admite que também se poderá encontrar o Momento Minsky um tanto antes ou depois. O economista André Luís Cabral de Lourenço, professor da UFRN, estudioso da Hipótese de Instabilidade Financeira, desenvolvida por Minsky, acha que agosto de 2007, quando a crise se tornou mais evidente, com violenta contração do crédito, pode ser uma escolha, mas também entende que se podem ver vários Momentos Minsky e que talvez seja mais apropriado falar em um contexto ou em um cenário Minsky (ver pág.14).

Depois de anos em que suas ideias tiveram pouco destaque, Minsky voltou a ser mencionado em artigos e conferências. Recentemente, durante o seminário "Bancos Públicos - Financiamento ao Desenvolvimento e Regulação Bancária", organizado pelo Valor, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também professor da Unicamp, citou Minsky várias vezes, ao comentar as origens e os desdobramentos da crise financeira americana, e defender a ampliação dos poderes dos bancos centrais e da regulamentação geral dos sistemas financeiros como forma de evitar a formação e a expansão de bolhas especulativas, até onde possível (a propósito: Minsky não via a ação estatal como capaz de estabilizar definitivamente a economia capitalista).

Sergio Lima / Folha

Barbosa, da Fazenda: o grande mérito dos economistas agora lembrados foi trazer as questões do conflito distributivo de volta à pauta das políticas públicas
Minsky é um dos pensadores mais caros aos economistas não ortodoxos. Nascido em Illinois, obteve graduação em Ciências na Universidade de Chicago, mestrado e doutorado em administração pública em Harvard, onde foi discípulo de Joseph Schumpeter e Wassily Leontief. Ensinou nas universidades Brown, da Califórnia e Washington. Aposentado em 1990, continuou a escrever e a lecionar no Levy Economics Institute. Do mestre Keynes, Minsky fez uma releitura criativa em seu livro "John Maynard Keynes" (1975), no qual propõe uma nova interpretação de questões relacionadas ao investimento, de inspiração keynesiana, mas com maior ênfase nos fatores determinantes de caráter financeiro. É nesse livro, aliás, segundo Lourenço, que ganham maior consolidação as bases teóricas essenciais da Hipótese de Instabilidade Financeira desenvolvida por Minsky.

Em outro economista americano também "redescoberto" por causa da crise, Irving Fisher (1867-1947), contemporâneo e amigo de Keynes (que o chamou de "bisavô" de suas próprias ideias), não é difícil encontrar similaridades com as análises de Minsky a respeito da instabilidade financeira que seria inerente ao sistema capitalista. Um pouco mais distante, mas também sugerindo premissas a Minsky, está o polonês Michal Kalecki (1899-1970).

Anna Carolina Negri / Valor

Coutinho, do BNDES, toma Minsky como paradigma teórico para defender ampliação do poder dos bancos centrais e da regulamentação dos sistemas financeiros
Minsky começou a frequentar as colunas de formadores de opinião, com mais assiduidade, no ano passado. Em setembro de 2008, Martin Wolf, o principal comentarista econômico do "Financial Times", sustentou que Minsky sempre esteve certo em sua análise da instabilidade da economia. "Um longo período de rápido crescimento e juros e inflação baixos levaram a grande complacência e vontade crescente de se tomar riscos", escreveu Wolf.

Minsky foi um seguidor "fenomenal" de Keynes na área macroeconômica, segundo Nelson Barbosa, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O argumento mais importante de Minsky, que revela toda sua atualidade, é "a concepção do processo de fragilização dos sistemas financeiros", diz Fernando Cardim de Carvalho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para Minsky, as distorções que engendram crises são geradas espontaneamente pelos mercados, mais especialmente nos períodos de maior prosperidade.

É a "estabilidade instável". Ou seja, a experiência de estabilidade faz com que os agentes privados se tornem complacentes e diminuam as margens de segurança em suas transações, expondo-se cada vez mais a riscos. Por isso, até mesmo um pequeno choque é suficiente para fazer o castelo de cartas desmoronar. "Uma dimensão central dessa complacência é a disposição de se expor ao risco dos juros, fazendo dívidas de curto prazo para a aplicação em ativos de longo prazo, com ganhos nos 'spreads' da curva de rendimentos", diz Carvalho. Está dada a receita do colapso: com o aumento da alavancagem, mesmo pequeno choques adversos são fatais.

O grande mérito desses pensadores - Keynes, Minsky, Fisher, Kalecki - foi trazer de volta o conflito distributivo à pauta das políticas públicas, afirma Barbosa, da Fazenda. Houve uma revitalização da economia política. "Não basta controlar a inflação. Passou-se a discutir não se o Estado deveria investir, mas quanto", diz o secretário.

Barbosa bate na tecla que não há modelo único. "Os arranjos possíveis são múltiplos. Claro que nem todos são de equilíbrio. Mas não é possível mais pensar que exista só um PIB potencial ou um determinado nível de juros."

Conselheiro informal do presidente Lula, Luiz Gonzaga Belluzzo diz que a obra de todos esses economistas constitui o repertório anticíclico. "Há a percepção de que a economia capitalista se move em torno de um mercado complexo e a ação pública é redutora da complexidade", afirma. Belluzzo não descarta que o pensamento conservador ressuscite, por ter uma plateia numerosa e influente. "São os mesmos que em crises bradam para que sejam salvos pelo Estado."

A tendência de recuperação do papel do investimento público foi nítida desde a primeira gestão do presidente Lula. "Não se limita à política anticíclica, mas estrutural", alerta Belluzzo. Por muito tempo, esse papel no Brasil foi desempenhado pelas estatais. Hoje, o orçamento é a ferramenta principal. "É um equívoco sustentar que o investimento público afugenta o privado. São complementares. Em vez do 'crowding out', deveria prevalecer o 'crowding in' keynesiano."

Leda Paulani, professora da Universidade de São Paulo (USP), vai mais longe. Além de Keynes, ela diz que houve uma necessária, ainda que tardia, revisita aos escritos de Karl Marx. Não por acaso, "O Capital" foi reeditado na Alemanha e rapidamente sumiu das prateleiras. É de Marx a constatação de que a economia capitalista se move por crises.

O pensamento de Marx não é para se por em prática. É um instrumental de análise. Seus textos são excelentes fontes para o diagnóstico de como as situações de crise são geradas, diz Paulani. Já Keynes e Minsky são um prato cheio para os administradores públicos, por não economizarem em receitas de políticas econômicas, para manter o pleno emprego de recursos, com o controle das atividades financeiras.

A professora diz que a redescoberta desses autores, tão benquistos pelos economistas denominados desenvolvimentistas, não deveria causar espanto. "Os Estados Unidos praticam o keynesianismo há uma década. As medidas de [Barack] Obama apenas explicitaram o caráter intervencionista do governo americano na economia." Segundo Leda, no Brasil, as pontas mais visíveis do pensamento do autor da "Teoria Geral" são o Programa de Aceleração Econômica (PAC) e o pacote de estímulo à construção, pelo forte efeito multiplicador no nível de emprego.

Para Simão Silber, da Universidade de São Paulo (USP), seguidor de outras paragens conceituais, o grande nome pouco lembrado atualmente é Irving Fisher, que tem uma explicação alternativa à de Keynes sobre a crise. "Ele explica a crise pela deflação de ativos e aumento real das dívidas." Mesmo com juros nominais próximos de zero, a crise de crédito manifestou-se abertamente nos Estados Unidos 2008, da mesma forma que em 1933.

De acordo com Silber, ao contrário do cardápio keynesiano, o fisheriano sustenta que de nada vale a política fiscal. A ordem para evitar o pior é não deixar os preços caírem, sanear o sistema financeiro e reduzir dramaticamente a concessão de crédito, para que a recessão não se aprofunde.

Alargando o leque da literatura, Barbosa, da Fazenda, reintroduz os autores que fizeram a ponte entre a economia e a psicologia. Seus favoritos são Herbert Simon, Daniel Kanehman, Robert Shiller e Matthew Rabin, que, grosso modo, defendem que a rotina da satisfação pode superar, na dinâmica da economia, a maximização do lucro. "Não há mais o predomínio das expectativas racionais. Os objetivos hoje são fundamentalmente do bem-estar aliado às decisões econômicas."

Belluzzo enxerga algum avanço, mas não muito, no governo Lula em direção às políticas não neoliberais. No primeiro mandato, houve uma sensível redução da vulnerabilidade externa do país, "ajudada pelas mudanças estruturais no mundo". Segundo o economista, o trabalho "foi muito bem feito e até o conservadorismo do Banco Central contribuiu para a maior solidez".

As políticas sociais compensatórias, como o Bolsa Família, foram outro grande passo adiante, na visão de Belluzzo. Ele nota que tais práticas foram criticadas tanto pela direita como pela esquerda, uma vez que, para estes últimos, somente a criação maciça de empregos resolveria a questão social. Por fim, com o PAC, vê-se uma recuperação do papel do investimento público.

Em que pese a volatilidade do "in and out", sobe e desce, quando se trata de economia, o fato é que os pensadores contemporâneos estão mais afeitos a políticas que combinem o que de melhor a história do pensamento econômico produziu. Atualmente, há um outro consenso latente, ainda sem nome, uma vez que governos e instituições multilaterais têm convergido para uma visão mais intervencionista e menos ideológica a respeito das virtudes do mercado.

Hoje, a bíblia é outra: "Uso mais agressivo de políticas fiscais para sustentar a demanda agregada, lançar mão de meios não convencionais para expandir a liquidez da economia e endurecer a regulação financeira, pois a hipótese dos mercados eficientes, tão cara ao pensamento mais ortodoxo, levou ao desastre", sintetiza Cardim, da UFRJ. Do lado neoclássico, dito ortodoxo, afirma-se o contrário: a crise aconteceu por que o governo americano, via Fed, interferiu no que seria a dinâmica natural dos mercados, facilitando a especulação e a expansão da grande bolha financeira.

O fato é que boa parte das posições reformistas têm-se originado nos Estados Unidos, o que não é pouca coisa. Ainda vai demorar para o mundo assistir ao decantado declínio do império americano. Profecia improvável, aliás. O país continua a ser o paradigma fundamental quando o assunto é economia, para o bem ou para o mal.

HYMAN MINSKY

De repente, um momento de provação para o capitalismo

Cyro Andrade, de São Paulo
31/07/2009
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Marisa Cauduro / Valor

Belluzzo: "Há a percepção de que a economia capitalista se move em torno de um mercado complexo e a ação pública é redutora da complexidade"
É regra essencial do capitalismo: sem risco não há recompensa. Mas pode haver momentos em que ninguém quer correr riscos. É quando os mercados param. É o capitalismo em transe. É um "Momento Minsky". Nesse instante, os preços dos ativos, inflados por especulação levada a extremos de risco, até então abrigada numa bolha que parecia não conhecer limites de expansão, desabam, tornando imperiosa a desalavancagem. É a hora do pânico. Tempos de ganhos fáceis, que pareciam estabelecidos em absoluta perenidade, ficam para trás.

Hyman Philip Minsky explica essa transição cíclica da bonança para o desastre com sua Hipótese da Instabilidade Financeira (HIF), constituída por estas proposições principais, listadas pelo economista André Luís Cabral de Lourenço em artigo que escreveu em 2005 ("O pensamento de Hyman Minsky: Alterações de percurso e atualidade"): (1) uma economia capitalista que possui um sistema financeiro sofisticado, complexo e em contínua evolução alterna períodos de comportamento estável com períodos turbulentos/caóticos: (2) esses comportamentos são endógenos à economia capitalista, pois decorrem da busca de interesses próprios pelos agentes e podem ser gerados mesmo a partir de situações de estabilidade; (3) os períodos turbulentos/caóticos podem assumir a forma de inflações interativas, bolhas especulativas ou deflações de débitos inter-relacionadas; (4) à medida que essas turbulências se estabelecem, vão adquirindo movimento próprio, que, porém, tenderá a ser revertido (por restrições colocadas por instituições, por políticas que afetem a estrutura institucional ou mesmo por autoorganização dos mercados); (5) surgem, assim, condições propícias à emergência de um novo regime de estabilidade; (6) é provável que esse novo regime se caracterize por baixo nível de atividade econômica, mas a busca do interesse próprio pelos agentes acabará por gerar um novo ciclo expansivo, acompanhado de nova onda especulativa; (7) com o passar do tempo, novos regimes de expansões incoerentes e contrações desastrosas se sucederiam.

Minsky se orientava, no dizer de Lourenço, por "um princípio organizador, uma visão pré-analítica", que fazia a ponte de sua identificação com a essência do pensamento de Keynes. Para Minsky, "a economia de Wall Street" - correspondente às forças financeiras mostradas por Keynes em interação com a produção e o consumo para determinar o produto, o emprego e os preços - explicaria tudo, inclusive a instabilidade do sistema capitalista.

Bloomberg

McCulley, da Pimco, acha que o "Momento Minsky" aconteceu em agosto de 2007, mas, como Cabral de Lourenço, também vê possíveis ocorrências tanto antes, como depois
Na crise financeira nascida dos excessos de especulação nos Estados Unidos, quando se dá o Momento Minsky?

Paul McCulley, diretor-gerente da Pacific Investment Management Company (Pimco), que inventou a expressão quando da crise da dívida russa, em 1998, acha que foi em agosto de 2007. No dia 9, o medo paralisou os mercados de crédito no mundo, como se viu quando o BNP Paribas, terceiro maior banco francês, anunciou que suspendia o resgate de três fundos por que não conseguia avaliar o preço dos seus ativos.

Ao Valor, Lourenço disse que, "mais importante que datar com precisão o início da crise é lembrar que, para Minsky, esta é apenas a manifestação ruidosa de um silencioso (e muito antecedente) processo de fragilização financeira". Este seria um fenômeno recorrente na história da economia mundial, que se desenvolveria nas fases de expansão do ciclo de negócios que comumente antecede a crise. "É claro que vários elementos específicos podem ter transformado o que seria uma crise cíclica 'normal' em uma crise aparentemente mais pronunciada: a desregulamentação financeira (ativa e passiva), as inovações financeiras associadas à securitização das hipotecas, as políticas empregadas no tratamento da bolha financeira anterior, e assim por diante. Todos esses elementos constituem, por assim dizer, 'momentos Minsky'. Então, talvez fosse mais apropriado falar em um 'contexto' ou em um 'cenário Minsky', cuja construção, alicerçada nesses elementos, foi obra de anos."

No lado não keynesiano do pensamento econômico afirma-se que, ao contrário do que o modelo de Minsky pode sugerir, não há nada de errado com o capitalismo. O que não dá certo, e provoca situações de crise como a originária do fabuloso "boom" hipotecário americano, é a ingerência do governo, através, por exemplo, de políticas monetárias lenientes, como a praticada pelo Fed de Alan Greenspan.

Na verdade, explica Lourenço, "no campo liberal, à direita, acredita-se que as crises financeiras refletiriam comportamentos privados distorcidos pela expectativa de ação estatal". Ou seja, "a expectativa de que o Estado salvaria as empresas financeiras em caso de crise as levaria a agir de forma distorcida, anormalmente imprudente, descuidando da análise de riscos e se excedendo na concessão de crédito, na expectativa de obterem maiores lucros". A crise seria, afinal, uma manifestação da inconsistência de tais ações e, na ausência da expectativa de socorro do Estado, tais anomalias - e, portanto, a crise - não ocorreriam. "A solução definitiva para todas as crises financeiras estaria, então, na abstenção de ações de salvamento por parte do Estado, mesmo que ao custo de permitir que a presente crise avançasse ainda mais. Isso por que, em seu caráter supostamente salutar, a crise ensinaria aos agentes econômicos que eles deveriam seguir outro padrão de comportamento, compatível, em tese, com um crescimento econômico estável."

No campo heterodoxo, mais à esquerda, no qual Minsky se situa, a leitura é bem outra. A crise, "entre outros males econômicos", explica Lourenço, constituiria o resultado normal do funcionamento anárquico e inconsistente da economia capitalista liberal, que o mero funcionamento do sistema de preços não seria capaz de solucionar. As empresas não agiriam de forma imprudente por causa apenas da expectativa de ação salvadora do Estado. O próprio sucesso das fases de crescimento, com seus lucros polpudos, "pavimentaria o caminho para o desastre, com a excitação das expectativas e a opção por atitudes financeiras mais agressivas e arriscadas, que explicariam as loucuras financeiras que acompanham a formação das bolhas especulativas e desembocam em crises". Assim, "já que a causa da crise residiria na própria lógica do lucro privado, a abstenção de ação salvadora pelo Estado não seria remédio adequado. Poderia, ao contrário, desestabilizar ainda mais as expectativas e tornaria as crises financeiras mais virulentas e socialmente perversas - e, no limite, mataria o paciente."

Ao contrário de outros economistas de esquerda, lembra Lourenço, Minsky não vê a ação estatal como capaz de estabilizar definitivamente a economia capitalista (que seria inerentemente instável), já que a raiz da instabilidade repousaria na coração do sistema, a lógica do lucro. Qualquer ação estabilizadora teria eficácia temporária, apenas evitando o aprofundamento da crise. "Pior, carregaria em si a semente das crises financeiras futuras, na medida em que não somente sinalizaria um ambiente mais estável para os agentes privados - o qual tende por si só a ganhar mais instabilidade - mas também aumentaria a munição disponível para uso no cassino das apostas especulativas, soprando bolhas futuras, por assim dizer."

A única terapia com mais chance de sucesso - e mesmo assim também temporária - seria uma regulamentação financeira mais forte, que atuasse de forma preventiva, tentando evitar os exageros especulativos. Se essa intervenção der certo, crises financeiras mais severas poderão ser evitadas, tornando desnecessária a ação de salvação financeira direta pelo Estado. "Minsky aponta, porém, a possibilidade de a regulação tornar-se periodicamente insuficiente, pois sua própria existência tende a incentivar a busca, pelas instituições financeiras, de inovações capazes de contorná-la. O cenário, portanto, seria de uma incessante corrida entre a norma do regulador e inovação do regulado, na qual, sempre que o regulado conseguisse abrir muita vantagem, a estabilidade econômica seria posta em risco. Existe também a possibilidade de o regulado ser politicamente poderoso, a ponto de conseguir controlar o regulador."

Essa experiência de cooperação e confronto, ao mesmo tempo, vai entrando em nova fase nos Estados Unidos e outros países centrais, com ensaios de regulamentação mais restritiva. Começa aí o que poderá ser, então, um novo campo aberto à avaliação das qualidades empíricas das ideias de Hyman Minsky.

Eu recomendo o livro de Cláudia Trevisan sobre a China e "OS CHINESES"

Autora analisa mudanças culturais, políticas e econômicas do país.
Livro - As contradições da poderosa China

Por Flávia Cesarino Costa, de São Paulo - 31/07/2009

"Os Chineses" - Cláudia Trevisan


A populosa China: livro é competente introdução a qualquer dúvida sobre o país
Contexto 336 págs., R$ 49,90 / AA+

O último livro de Cláudia Trevisan confirma muitos dos meus medos. Medo de que estejamos tapando o sol com a peneira, esquecendo que a China é muito mais poderosa, presente e influente do que parece. Medo de ouvir o barulho que fazem os 1,3 bilhão de habitantes de um país que foi império por centenas de anos e quer voltar a sê-lo.

"Os Chineses" deixa claro que quem não entender esse monstro escondido, híbrido de comunismo, capitalismo e tradição, vai ficar para trás. Tudo o que diz respeito à China é gigantesco, monumental e complexo. E, como estaremos cada vez mais envolvidos com a presença chinesa em nossa vida, é útil começar pela leitura do livro de Cláudia, correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Pequim.

O livro é uma competente introdução a todas as dúvidas que possamos ter sobre as questões chinesas, escrito de maneira didática e abrangente. Por isso, este volume da "Coleção Povos e Civilizações", da Contexto, serve tanto para quem procura informações consistentes sobre o país quanto para quem quer dar o primeiro passo para um aprofundamento posterior.

Falar da China é falar de contradições. Como explicar que o imenso afeto dos pais pelos filhos - costume confucionista - possa conviver com a desvalorização dos bebês do sexo feminino, que chegam a ser mortos ou abandonados? Como aceitar que o país das bicicletas esteja sendo invadido por enormes carros, símbolos de ascensão social? Como entender que sua moderna economia conviva com um regime autoritário, sem proposta de democratização, que prende, tortura e às vezes elimina seus dissidentes?

Mais: como se explica que o regime comunista tenha sido capturado por uma fúria transformadora que está descaracterizando o estilo tradicional de vida, destruindo sítios históricos e arqueológicos em nome do crescimento? Como dar conta do fato de que a maioria dos ricos do país nasceu pobre e sem expectativas e hoje alimenta o maior destino mundial de produtos de luxo? É possível separar o antigo costume da troca de favores e o horror dos chineses de passar vergonha das crescentes práticas de corrupção? Não é assustador constatar que a China responde por 2/3 de todos os produtos piratas vendidos no planeta? Como se explica que depois de décadas de ceticismo comunista a superstição retorne tão maciçamente ao cotidiano desse povo, que troca torpedos desesperadamente?

Cláudia explica tudo com humor e minúcia, entremeando dados históricos e econômicos às prosaicas descrições de suas experiências de estrangeira na China. Cada tópico é construído para estimular a curiosidade do leitor, que, passado o choque, fica com vontade de saber mais. Para isso, um bom começo pode ser o exame da vasta bibliografia usada pela escritora para cercar cada assunto que figura ao fim do livro.

O saldo da leitura é um sentimento ambíguo, de apreensão e curiosidade. Porque, como explica a autora, a meteórica ascensão que a China experimenta representa para os chineses apenas o retorno ao lugar que historicamente lhe pertenceu, de "Império do Meio" - antes de sucumbir ao Ocidente. Ocidente este que agora se vê obrigado a compreendê-la ou perecer.

Artigo de David Pilling do "Financial Times" - CHINA X USA

Os americanos, silenciosos na questão dos direitos humanos, podem estar se vendendo barato.

Os EUA não devem levar a China tão a sério.

David Pilling - 31/07/2009

Os EUA, silenciosos na questão dos direitos humanos e calados sobre o yuan, podem estar se vendendo barato

Que diferença faz um "e". O Diálogo Econômico Estratégico EUA-China (SED, na sigla em inglês), um encontro bilateral centrado em temas econômicos, realizado duas vezes ao ano, transformou-se sob o presidente Barack Obama no mais amplo Diálogo Econômico e Estratégico (S&ED, na sigla em inglês).

Para os que têm propensão ao refinamento gramatical, o acréscimo de uma conjunção transforma a palavra "estratégica", de adjetivo que descreve o diálogo econômico, em um adjetivo-maleta, que comporta qualquer coisa que Hillary Clinton vier a desejar.

O resultado da rivalidade interdepartamental dos EUA é que o Departamento de Estado de Hillary Clinton se une ao Departamento do Tesouro de Tim Geithner no centro da conversação com Pequim. Isso não é algo ruim. Ela ampliou a agenda, daquilo que Hank Paulson, antecessor de Geithner, havia concebido originalmente em 2006 como um quase fórum econômico. Agora que o Departamento de Estado se intrometeu, mudança climática, Coreia do Norte e qualquer outro tema de relevância global ou bilateral se juntou ao déficit dos EUA, à reforma do setor financeiro e ao yuan como assuntos potenciais para discussão.

A ampliação da agenda de discussões, cuja mais recente rodada foi encerrada em Washington na terça-feira, faz sentido. As relações sino-americanas estão evoluindo rapidamente. A política de Obama para a China se baseia nas fundações assentadas por seu antecessor. Para um presidente que prometeu mudança, uma área de constância com a Casa Branca de George W. Bush tem sido a postura em relação à China. Esta foi uma das poucas coisas que, segundo se avalia, seu antecessor teria feito bem. Ao contrário de Bush, ou de Bill Clinton antes dele, o presidente Obama não precisou recuar de uma postura de hostilidade inicial nutrida contra a China para uma posição mais complacente.

Isto se deve em parte à sua convicção de que é bom estender a mão. Se ele pode falar com Teerã ou Pyongyang, certamente pode manter diálogo amistoso com Pequim. Isso também se deve ao fato de que teve pouca escolha. A crise econômica fez o equilíbrio do poder pender na direção da China. Os EUA estão se sentindo menos confiantes a respeito dos seus fundamentos econômicos e menos capazes do que antes de repreender Pequim sobre a revalorização ou as delícias da liberalização, especialmente porque tantos dos seus próprios bancos, seguradoras e montadoras passaram ao controle do Estado.

Muito pelo contrário, é Pequim, cujas autoridades agora se gabam de não ter absolutamente nada a aprender com a Grande Gastança, a que desfruta a vantagem. O controle financeiro que a China aparentemente detém sobre os EUA foi amplamente destacado. Pequim ficou propensa a passar um sermão nos EUA sobre a necessidade de proteger seus US$ 2 trilhões em reservas, cuja maioria está estacionada em dólares dos EUA.

É plenamente apropriado que Washington confira a devida atenção à China, a mais importante potência emergente desde a própria América. Mas há também um risco de levar a China demasiado a sério. Na tentativa de compensar o desleixo do passado, as coisas podem pender demasiado para o outro lado. Com toda a euforia em torno do G-2 - o eixo sino-EUA que, segundo algumas avaliações precipitadas, é o único fórum global relevante - vale a pena fazer uma pausa para examinar os fatos.

Para começar, o controle financeiro que a China exerce sobre os EUA não é tão rígido como muitos avaliam. Longe de ser um sinal de força, o acúmulo de vastas reservas cambiais por parte da China é o efeito colateral de um modelo econômico baseado demasiadamente nas exportações. O enorme superávit da balança comercial é consequência de um yuan subvalorizado, que permitiu que outros consumissem mercadorias chinesas à custa do próprio povo chinês.

Pequim não pode sonhar em reduzir as suas posições nos títulos do Tesouro dos EUA sem desencadear o próprio colapso do dólar que alega temer. Tampouco convencem seus apelos estridentes para que os EUA fechem os seus dois déficits, que inevitavelmente envolveriam a compra de menos produtos chineses. Em vez de expor a superioridade do modelo dirigido pelo Estado da China, a crise financeira global desnudou o abraço comprometedor no qual EUA e China estão envolvidos.

Os comentaristas também confundem algumas vezes o progresso veloz e provável emergência da China como superpotência com a realidade do dia de hoje. A China ainda é um país relativamente pobre. Apesar de todas as suas ambições militares, está a décadas de distância de ser um páreo para os EUA. Em 2005, de acordo com o Instituto para a Pesquisa da Paz Internacional de Estocolmo, a China respondeu por apenas 4% dos gastos militares globais, ligeiramente menos que do Reino Unido e França, e a um porta-aviões de distância dos EUA, com 46%. É verdade, os EUA podem ter sido humilhados no Iraque e no Afeganistão. Mas a China nem chegou a treinar para projetar o seu poder sobre países como a Coreia do Norte, que passou na ponta dos pés para a condição de país nuclear bem debaixo do seu nariz.

A China é mais frágil do que sugere seu tom cada vez mais estridente. Sua economia foi mantida em atividade acelerada por concessões de crédito bancário compulsório que ainda poderão ricochetear na forma de bolhas de preços de ativos ou uma enxurrada de créditos de difícil liquidação. O controle do Partido Comunista é sólido, mas quebradiço. Considerando-se a opção de projetar a autoridade da China sobre o cenário mundial no encontro de cúpula do G-8 deste mês na Itália, ou de lidar com o crescente conflito étnico em Xinjiang, Hu Jintao, o presidente da China, optou por se apressar para casa.

Nada disso indica que os EUA estão errados em envolver a China nos níveis mais elevados e mais profundos. O surgimento da China como grande potência não exige nada menos do que isso. Os EUA, porém, silenciosos na questão dos direitos humanos e calados sobre o yuan, podem estar se vendendo barato. A China será uma enorme força a ser enfrentada. Mas ela ainda não chegou a esse ponto.

David Pilling é colunista do "Financial Times".

Trabalhadores chineses chacinam diretor

Protesto violento expõe desafios a reforma da siderurgia chinesa

Sky Canaves e James T. Areddy, The Wall Street Journal, de Tonghua, China
31/07/2009

Quando Chen Guojun assumiu o cargo de gerente geral da Tonghua Iron & Steel, deveria ter sido um passo à frente no esforço apoiado pelo governo chinês para consolidar a gigantesca indústria siderúrgica do país.

Mas, em vez disso, a chegada de Chen se tornou o trágico símbolo dos desafios enfrentados por Pequim enquanto tenta transformar o inchado cenário industrial que surgiu no país.

Na sexta-feira passada, depois de ficarem sabendo que a empresa privada que empregava Chen planejava assumir o controle da estatal Tonghua Iron & Steel, milhares de trabalhadores, preocupados com a possibilidade de perderem seus empregos, promoveram um protesto violento e interromperam a produção da usina, localizada num bairro coberto por cinzas nesta cidade no nordeste da China.

Enquanto se espalhavam os boatos de que o Grupo Jianlong, empregador de Chen, planejava demitir operários, um grupo deles encontrou o executivo de 41 anos e o espancou gravemente, afundando seu crânio. Depois os operários bloquearam as ruas próximas da fábrica e arremessaram tijolos para afastar a polícia e os paramédicos que tentavam alcançar Chen.

Amedrontadas, as autoridades locais anunciaram na televisão na noite de sexta-feira que os planos da Jianlong de comprar a Tonghua Iron & Steel foram cancelados. Quando os protestos acalmaram e as autoridades conseguiram chegar a Chen, cinco horas depois de ele ser atacado, ele, que era pai de dois filhos, já estava morto.

Na quarta-feira, enquanto a polícia continuava a procurar os assassinos de Chen, trabalhadores reuniam em montanhas de entulho o que sobrou da violência no alojamento em que ele morreu, varrendo cacos de vidro, pedaços de mobília e televisões quebradas. A porta do quarto em que Chen morreu estava fechada e a moldura danificada. Havia buracos em paredes e portas próximas, causados pelos socos dos operários enfurecidos.

A violência em Tonghua motivou um debate de intensidade incomum na mídia chinesa e entre especialistas no tratamento dos recursos humanos durante fusões. "Esse caso faz soar um alarme necessário", diz Li Xinchuang, vice-presidente do Instituto de Planejamento e Pesquisa da Indústria Metalúrgica da China, um centro de estudos do governo que ajudou a traçar a política oficial para a indústria siderúrgica. "Antes, (as reestruturações) se preocupavam apenas com os benefícios para os governos locais e as empresas, mas os interesses dos empregados deveriam receber muito mais atenção."

Mesmo antes, a China vinha enfrentando dificuldades para avançar em seu esforço para consolidar o setor. A indústria siderúrgica chinesa é de longe a maior do mundo, respondendo ano passado por cerca de 38% da produção mundial. Essa fatia só tem crescido, em meio à recessão mundial. A produção chinesa subiu 6% no primeiro semestre, enquanto a mundial encolheu 21% no mesmo período.

Mas a indústria chinesa do aço é fragmentada em mais de 800 produtores. A Shanghai Baosteel Group, há muito tempo a maior siderúrgica do país, respondeu por cerca de 5% das quase 500 milhões de toneladas de aço produzidas no país ano passado. Já na Coreia do Sul, a Pohang Iron & Steel Co., ou Posco, foi responsável por mais de 60% do aço produzido no país no ano passado.

As siderúrgicas chinesas têm quadros de pessoal gigantescos. A Shanghai Baosteel emprega mais de 108.000 pessoas. A japonesa Nippon Steel Corp., cuja produção é bem maior, emprega cerca de 17.000. O governo central acusou as pequenas siderúrgicas, controladas pelos governos provinciais, de terem controle ambiental fraco, de consumir eletricidade e outros recursos valiosos de modo pouco eficiente e de inundar o mercado com produtos de baixa qualidade.

Apesar da produção enorme, muitas siderúrgicas chinesas perdem dinheiro. Quase um quarto da capacidade está ociosa, segundo dados do governo, o que em parte reflete a velocidade com que as empresas têm ampliado a capacidade.

Para vender sua produção, a indústria siderúrgica local tem se voltado cada vez mais para a exportação - o que, por sua vez, está causando cada vez mais tensão com os parceiros comerciais mais importantes do país. As siderúrgicas americanas prestaram queixa em abril contra as concorrentes chinesas, afirmando que o aço importado era vendido abaixo do custo de produção. E, nesta semana, autoridades comerciais da União Europeia aprovaram punições preventivas contra as importações de tubos de aço da China. Pequim, enquanto isso, abriu sua própria investigação sobre um suposto dumping de aço americano e russo.

Pequim tem afirmado que seu objetivo é transformar a indústria para que haja apenas dez ou menos siderúrgicas competitivas em nível mundial. O governo já anunciou planos parecidos de consolidação para outros setores industriais assolados por problemas parecidos de excesso de capacidade, como montadoras de automóveis e indústrias químicas. Mas os esforços não têm avançado muito.

Os planos para a indústria siderúrgica têm enfrentado a resistência dos governos locais donos das empresas, que consideram as usinas uma fonte importante de receita tributária e empregos. "As questões mais profundas nas outras fusões que acompanhei foram políticas e tributárias, como quem manda no quê", diz Thomas Wrigglesworth, analista do Citigroup em Hong Kong. Quando as fusões realmente ocorrem, ele afirma que geralmente a produção não diminui.

A produção de aço é parte central da identidade chinesa. Mao Tsé-Tung fez das siderúrgicas o núcleo de seus esforços para tornar a China um gigante comunista. Deng Xiaoping, responsável por iniciar a presente era de liberalização econômica do país, criou a Shanghai Baosteel como parte de seu projeto para modernizar a economia do país. Hoje em dia ela é a quinta maior produtora de aço do mundo e tem clientes como a General Motors Corp. e o programa espacial chinês.

Com variados graus de sucesso, autoridades locais também criaram siderúrgicas. E empreendedores ousados começaram a comprá-las.

Embora violência como a de Tonghua seja incomum, especialistas em questões trabalhistas dizem que os trabalhadores estão ficando mais firmes quando sentem que seus interesses estão ameaçados. (Colaboraram Gao Sen, de Tonghua, e Ellen Zhu e Bai Lin, de Xangai)

What's News?

Wall Street Journal

31/07/09

A Volkswagen informou que o lucro do segundo trimestre caiu 83% frente ao mesmo período do ano passado, para US$ 397 milhões. Segundo a empresa, a demanda por automóveis se recuperou graças aos estímulos do governo alemão para troca de carros velhos por novos. Já a francesa Renault divulgou prejuízo de US$ 3,8 bilhões.

A Delphi, fabricante de autopeças dos EUA em concordata, conseguiu aprovação judicial para a venda de seus bens aos credores e à GM em troca do perdão de suas dívidas. Pelo acordo, a montadora americana comprará cinco unidades da Delphi nos EUA e os demais credores, inclusive os fundos Elliott Management e Silver Point, ficarão com os bens restantes.

A Ford decidiu esperar pelo fim das negociações de venda da Opel, unidade da montadora GM na Alemanha, para oferecer ao mercado a sua montadora sueca Volvo, num esforço para conseguir melhor preço, segundo uma pessoa a par do assunto. Os interessados na Volvo até agora seriam as chinesas Geely e Baic e um grupo de investidores europeus.

A Sony, fabricante de eletrônicos japonesa, divulgou prejuízo de US$ 391 milhões no primeiro trimestre fiscal, encerrado em junho, no segundo período consecutivo de perdas, devido à queda na demanda de videogames e câmeras digitais. Só as vendas de games caíram 48% em relação a um ano atrás.

A Exxon e a Shell, duas das maiores petrolíferas do mundo, tiveram seu desempenho no segundo trimestre prejudicado pela recessão mundial. A americana Exxon anunciou lucro de US$ 3,95 bilhões, 66% menor do que no segundo trimestre de 2008. Já a Shell, que é anglo-holandesa, divulgou uma queda de 67%, para US$ 3,82 bilhões.

A Sanofi-Aventis confirmou que está comprando da americana Merck - no Brasil, MSD - a metade que ainda não possui da fabricante de remédios veterinários Merial, por US$ 4 bilhões. A farmacêutica francesa informou que o acordo inclui a opção de combinar a Merial com a Intervet, divisão de saúde animal da farmacêutica Schering-Plough, que está se fundindo com a Merck.

Aviões Airbus em todo o mundo deverão trocar alguns dos sensores de velocidade da marca francesa Thales, como os que equipavam o voo da Air France que caiu perto de Fernando de Noronha em junho, por outros da americana Goodrich. A recomendação, sem caráter obrigatório, deve ser dada pela agência de segurança da aviação europeia, disse um porta-voz do órgão.

A BAT, empresa britânica dona da Souza Cruz, informou que o lucro do primeiro semestre aumentou 16% frente a um ano atrás, para US$ 2,4 bilhões. O resultado é atribuído a aquisições de empresas no exterior e à queda da libra esterlina, que favoreceu o câmbio da receita obtida fora da Grã-Bretanha.



A Vale informou que não fechará nenhum acordo de venda de minério de ferro com a China antes das concorrentes BHP Billiton e Rio Tinto. No ano passado, as duas mineradoras anglo-australianas foram as últimas a acertar preços e conseguiram contratos melhores com os chineses.

O Grupo Votorantim informou que conseguiu um empréstimo de pré-exportação de sete bancos, no valor de R$ 664 milhões, e usará os recursos para melhorar o perfil da dívida.

A produção industrial do Chile caiu 8,3% em junho em relação a um ano atrás, informou o Instituto Nacional de Estatística, devido à menor produção de alimentos e bebidas, madeira e minerais não-metálicos.

A Repsol, petrolífera espanhola, está interessada em vender uma fatia de sua participação na argentina YPF, mas ainda não existe um acordo iminente, disse o diretor de operações da Repsol, Miguel Martínez.

A Cementos Argos, maior produtora de cimento da Colômbia, informou que o lucro do primeiro semestre duplicou em relação a um ano atrás e ficou em US$ 145,5 milhões, graças à venda de minas de carvão e instalações de exportação à Vale, por R$ 569 milhões.

O governo da Venezuela assinou contrato de US$ 7,5 bilhões com a China Railway Engineering para construir 468 quilômetros de ferrovias que ligarão quatro Estados.

Aposentadoria e Sucessão

SUCESSÃO NAS EMPRESAS

Uma em cada três empresas identifica de forma eficaz futuros líderes em seus quadros. O descuido na hora de pensar a sucessão do comando com a devida antecedência tem feito presidentes deixarem o cargo mais tarde. Pesquisa da Korn/Ferry International realizada em 70 países, inclusive no Brasil, com quase 2 mil executivos, mostra que 52% deles pretendem adiar os planos de aposentadoria para depois dos 64 anos por não terem substitutos à vista. O índice representa um aumento de 8% no número de gestores que escolhem essa idade, em comparação a um mesmo estudo realizado em 2004.
"A questão da sucessão ainda é tratada de forma incipiente no Brasil", explica Fernanda Pomin, diretora da Korn/Ferry no Brasil para a área de gestão de talentos. Para ela, é fundamental estar preparado para substituir um executivo-chave quando necessário, mas ainda há muito o que fazer entre as organizações brasileiras. A demora na escolha de sucessores, segundo Fernanda, acontece porque a cúpula da organização não procura entender qual é o foco do negócio hoje e como será no futuro. "Esse detalhe é essencial para definir o executivo que poderá conduzir o empreendimento", diz.
Segundo a Korn/Ferry, o grande desafio para os gerentes de recursos humanos é a criação de programas de sucessão que, além de mapear novas lideranças, forcem a troca de conhecimentos. No Brasil, segundo a pesquisa, 54% das companhias entrevistadas mostraram apreensão em relação à perda de capital intelectual com a aposentadoria da atual geração de líderes.
Foi essa preocupação que fez a empresária Adriana Neves, de 40 anos, planejar sua sucessão com antecedência. Diretora da distribuidora de bebidas Conebel, ligada à AmBev, Adriana pilota a empresa que fatura R$ 100 milhões por ano com mais dois sócios. "Faço parte da terceira geração de líderes da companhia, fundada nos anos 30", explica. Com apenas um ano de casa, ela teve de substituir o pai, que faleceu de repente, em um processo de sucessão não planejado. "Agora, estou mais prevenida e pretendo me afastar progressivamente do trabalho, entre os 45 e 50 anos."
Em dois anos, Adriana e os sócios já investiram R$ 70 mil em uma consultoria de governança corporativa, que inclui reuniões mensais para estabelecer regras de saída para os sócios e critérios de escolha para os sucessores. "Eles poderão ser parentes ou não dos diretores, deverão ter nível universitário e conhecimento sobre a administração da empresa", explica.
O futuro líder da distribuidora ainda vai passar por um período de avaliação durante um ano e só receberá o crachá de diretor se for aprovado pelos três sócios. "Precisamos nos preparar para deixar a companhia, construir um novo sucessor e ainda fazer com que a empresa continue lucrando sem a nossa presença."
A Conebel pertence à Confederação Nacional das Revendas AmBev (Confenar), que reúne 180 organizações em todo o país. Segundo Adriana, pelo menos 50 associadas estão em um processo avançado de desenho de sucessão. "Quando os sócios das distribuidoras completam 50 anos de idade, precisam apresentar para a entidade um plano de trabalho para a preparação dos novos líderes."
Edson Rodriguez, vice-presidente da consultoria Thomas, especializada em gestão de pessoas, diz que os programas de reposição devem começar bem antes da aposentadoria de quem vai passar o bastão. "Não é possível esperar que um executivo chegue aos 65 anos de idade para começar a treinar alguém que possa substituí-lo", avisa.
"A partir dos 50 anos do líder, a formação de novos chefes e o repasse de conhecimento da diretoria devem fazer parte da cultura da empresa". diz Rodriguez. Segundo o especialista, a organização que sai na frente nesse processo ganha competitividade, acumula capital intelectual e pode ser recompensada pela continuidade dos lucros.
De acordo com Luiz Marcatti, sócio da consultoria de governança corporativa Mesa Corporate, o caminho da sucessão pode ser facilitado com a criação de um banco de talentos e um plano de carreira que ajude o futuro gestor a circular por todas as áreas da companhia. "É importante realizar avaliações de performance", diz. "Um profissional com as competências exigidas para o cargo, mas que mostra resultados abaixo do esperado, dificilmente se tornará um líder de sucesso."
Para não perder o capital humano por conta das aposentadorias de executivos mais experientes, a dica de Marcatti é incluir esses profissionais em programas de formação de líderes. "As empresas podem recontratá-los como consultores, membros do conselho de administração ou dos comitês de apoio."
De acordo com Edson Carli, diretor da consultoria GDT, deve-se evitar fórmulas com resultados a curto prazo que possam comprometer a dança das cadeiras. "Há profissionais cumpridores de metas, mas totalmente incompetentes para desenvolver pessoas ou criar relações sustentáveis com clientes e fornecedores", afirma. A empresa de Carli, que atuou em cinco programas de sucessão no ano passado e pilota três projetos nesse primeiro semestre de 2009, também defende o fim da dobradinha criador-criatura.
"O executivo que está saindo costuma valorizar pessoas que sejam sua imagem e semelhança, o que pode perpetuar uma série de vícios de comando", explica. Para o especialista, as empresas também precisam estar atentas ao comportamento das equipes durante a indicação do substituto. "Quando você identifica o profissional que será o novo chefe, gera nos demais uma certa desmotivação pelo fato de não terem sido escolhidos", diz. "É necessário ficar claro que a sucessão é uma conquista do candidato e não uma benesse oferecida pela companhia."
O consultor aconselha que o plano de preparação do sucessor seja feito, no mínimo, dois anos antes da saída do atual ocupante do cargo. Para garantir uma sucessão sem curvas fechadas, Carli sugere desmontar a centralização do conhecimento corporativo e da tomada de decisões. "A base desses equívocos está no modelo de reconhecimento e premiações", garante. "Se a empresa encorajar a formação de superexecutivos, ficará refém de profissionais que, quando deixarem a organização, levarão um ativo intangível."
Recentemente, Carli participou de um plano de identificação de talentos para o programa de sucessão de uma empresa da área de saúde. "A companhia mantinha um sistema de 'job rotation' na diretoria. A cada 18 meses, os executivos trocavam de função para que todos trabalhassem em todas as áreas, sem mudar as equipes", afirma. "A estratégia ajudou a fortalecer as bases da organização."
Na Infosphera, empresa de tecnologia com 23 anos de mercado, o objetivo é que a companhia não fique refém do dono, que ocupa a função de diretor de operações. "Comecei o meu próprio plano de sucessão em 2007 e quero que a empresa dependa cada vez menos de mim", lembra o CEO Rui Freitas, de 49 anos, que sempre atuou nas áreas comercial, de marketing e de desenvolvimento tecnológico do negócio.
Com 60 funcionários e faturamento previsto de R$ 22 milhões em 2009, a Infosphera já investiu R$ 1,2 milhão na preparação da nova leva de diretores. A primeira fase da estratégia incluiu a contratação de três gerentes. Até o primeiro semestre de 2010, Freitas pretende recrutar um novo diretor de operações que deve ocupar a sua mesa. "Pretendo me afastar assim que possível", afirma. "Mas não vejo o conselho de administração como um armário fechado e vou continuar na direção estratégica."
Para Claúdio Garcia, presidente da consultoria de gestão de capital humano DBM, o tema da sucessão ligado à aposentadoria é difícil de ser discutido no Brasil. Isso acontece porque parar de trabalhar parece ter um significado negativo, vinculado à incapacidade. Outro ponto que não é levado em conta é que os executivos que saem levam uma parte importante do conhecimento da companhia. "As empresas devem alimentar práticas internas que segurem a capacidade produtiva dentro da organização, mesmo depois da perda de um talento", acredita.
"É importante que os principais executivos façam exposições periódicas para o conselho de administração. Desta forma, poderão ele poderá ter uma base melhor para tomar decisões relacionadas à sucessão", aconselha Heloisa Bedicks, diretora do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). "Formar novos líderes significa pensar a longo prazo e preservar a longevidade da organização."

Sucessores na Empresa

"O executivo que está saindo costuma valorizar pessoas que sejam sua imagem e semelhança, o que pode perpetuar uma série de vícios de comando", explica. Para o especialista, as empresas também precisam estar atentas ao comportamento das equipes durante a indicação do substituto. "Quando você identifica o profissional que será o novo chefe, gera nos demais uma certa desmotivação pelo fato de não terem sido escolhidos", diz. "É necessário ficar claro que a sucessão é uma conquista do candidato e não uma benesse oferecida pela companhia."
O consultor aconselha que o plano de preparação do sucessor seja feito, no mínimo, dois anos antes da saída do atual ocupante do cargo. Para garantir uma sucessão sem curvas fechadas, Carli sugere desmontar a centralização do conhecimento corporativo e da tomada de decisões. "A base desses equívocos está no modelo de reconhecimento e premiações", garante. "Se a empresa encorajar a formação de superexecutivos, ficará refém de profissionais que, quando deixarem a organização, levarão um ativo intangível."
Recentemente, Carli participou de um plano de identificação de talentos para o programa de sucessão de uma empresa da área de saúde. "A companhia mantinha um sistema de 'job rotation' na diretoria. A cada 18 meses, os executivos trocavam de função para que todos trabalhassem em todas as áreas, sem mudar as equipes", afirma. "A estratégia ajudou a fortalecer as bases da organização."
Na Infosphera, empresa de tecnologia com 23 anos de mercado, o objetivo é que a companhia não fique refém do dono, que ocupa a função de diretor de operações. "Comecei o meu próprio plano de sucessão em 2007 e quero que a empresa dependa cada vez menos de mim", lembra o CEO Rui Freitas, de 49 anos, que sempre atuou nas áreas comercial, de marketing e de desenvolvimento tecnológico do negócio.
Com 60 funcionários e faturamento previsto de R$ 22 milhões em 2009, a Infosphera já investiu R$ 1,2 milhão na preparação da nova leva de diretores. A primeira fase da estratégia incluiu a contratação de três gerentes. Até o primeiro semestre de 2010, Freitas pretende recrutar um novo diretor de operações que deve ocupar a sua mesa. "Pretendo me afastar assim que possível", afirma. "Mas não vejo o conselho de administração como um armário fechado e vou continuar na direção estratégica."
Para Claúdio Garcia, presidente da consultoria de gestão de capital humano DBM, o tema da sucessão ligado à aposentadoria é difícil de ser discutido no Brasil. Isso acontece porque parar de trabalhar parece ter um significado negativo, vinculado à incapacidade. Outro ponto que não é levado em conta é que os executivos que saem levam uma parte importante do conhecimento da companhia. "As empresas devem alimentar práticas internas que segurem a capacidade produtiva dentro da organização, mesmo depois da perda de um talento", acredita.
"É importante que os principais executivos façam exposições periódicas para o conselho de administração. Desta forma, poderão ele poderá ter uma base melhor para tomar decisões relacionadas à sucessão", aconselha Heloisa Bedicks, diretora do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). "Formar novos líderes significa pensar a longo prazo e preservar a longevidade da organização."